Um dia depois de parte de sua torcida no estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, se manifestar com cantos homofóbicos na partida contra o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro, a diretoria do Vasco divulgou uma nota oficial nesta segunda-feira para repudiar a atitude e pedir desculpas pelo ocorrido. O jogo chegou a ser interrompido pelo árbitro gaúcho Anderson Daronco.
“Em relação ao episódio registrado na partida deste domingo (25/08) contra o São Paulo, o Club de Regatas Vasco da Gama lamenta e repudia qualquer canto ou manifestação de caráter homofóbico por parte de alguns de seus torcedores. Da mesma forma, a Diretoria Administrativa do Clube manifesta seu pedido de desculpas a todos que, corretamente, se sentiram ofendidos por este comportamento”, informou o clube cruzmaltino no início da nota oficial.
O Vasco ressaltou que o combate aos gritos não deve acontecer apenas pelo temor de uma punição esportiva, mas “por uma questão de cidadania e respeito ao próximo e cumprimento da lei”. O clube corre o risco de perder pontos no Brasileirão após um julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
O combate a este tipo de postura – iniciado ainda em campo, quando o técnico Vanderlei Luxemburgo, os jogadores, parte da torcida e o próprio Vasco da Gama, através do sistema de som do estádio, clamaram para que os gritos cessassem – não deve ser motivado pelo receio de punição desportiva (eventual perda de pontos), mas, sim, por uma questão de cidadania e respeito ao próximo e cumprimento da lei. Preconceito é crime”, afirmou o clube.
“E se existe um Clube no Brasil historicamente habituado a levantar a voz contra qualquer tipo de discriminação este é o Vasco da Gama, dono da história mais bonita do futebol. Assim foi com a resposta histórica de 1924; assim é com os cantos que o torcedor vascaíno entoa orgulhosamente na arquibancada enaltecendo a luta do Clube a favor de negros e operários”, destacou.
Os gritos de “time de v…” fizeram com que o jogo fosse interrompido por Daronco. Ele chegou a informar ao quarto árbitro e a Vanderlei Luxemburgo. Imediatamente, os auto-falantes de São Januário alertaram os torcedores para que não houvesse esse tipo de manifestação.
“A plateia de um estádio de futebol e a sociedade de maneira geral passam por um processo de aprendizado e conscientização necessário para que atos de preconceito fiquem no passado – um triste passado, diga-se. A Diretoria Administrativa do Club de Regatas Vasco da Gama compromete-se em promover ações educativas neste sentido junto ao seu torcedor, certa de que encontrará em cada vascaíno um aliado no combate a qualquer tipo de discriminação. O Vasco é a casa de todos”, concluiu a nota oficial.
*Estadão