Começo de governo é que nem começo de namoro. Beijos, afagos, frases prontas e cheias de romantismo. Meticulosamente preparadas e capazes de derrubar avião. No caso da política não é diferente. Usar a lábia e garantir apoio e votos para, quem sabe, numa votação polêmica…???
Assim foi a reunião de ontem com o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, junto às bancadas de Deputados Federais do Amazonas, Rondônia, Roraima e Acre, com a presença dos governadores capitaneados por Wilson Lima. Os neófitos, e eram em maioria, podem ter saído impressionados e até apaixonados com o “canto da sereia “, mas pelas fotos que tive acesso, dá pra sentir que os mais antigos e que já tiveram experiências amargas de traição na relação, acharam o papo do conquistador meio ultrapassado.
A BR-319 foi inaugurada em 1976. Pelas condições em que foi construída não durou uma década e começou a pedir o socorro que nunca chegou em sua maior e mais dramática extensão que é chamada de trecho do meio, que compreende 400 quilômetros.
Chegamos a ter o Alfredo Nascimento como Ministro dos Transportes por 9 anos e, mesmo com toda sua amizade com Lula, Dilma, PT, PR e base governista, ficou patinando na lama que atola os projetos de melhoria na qualidade de vida dos brasileiros esquecidos do Norte.
Mas será que o Alfredo foi incompetente? Ou será que não teve a pá e picareta eficientes para desenterrar a verdadeira cabeça de burro na 319?.
Sáo incontaveis, desde 2001, as suspensões das obras com liminares, cancelamentos, exigência de relatórios de impacto ambiental, que são feitos e refeitos, e o pior, com dinheiro público, numa orquestração de dar inveja à Sinfônica de Viena. Já se vão 17 anos e NADA.
É sempre bom se apaixonar por promessas de amor e às vezes até dar uma nova oportunidade a um novo conquistador. Principalmente se mostrar que realmente vai romper com alguns nós e amarras.
De um lado, grupos interessados em manter o modal multimilionário que é o hidroviário, mais precisamente o de transporte através de balsas. Do outro, a falácia de que a estrada devastaria a floresta. Essa é mais criminosa ainda, porque é ela que é colocada à mesa de negociações internacionais em busca de recursos e acordos bilaterais. E é exatamente isso, um acordo bi-lateral. “Não façam a estrada e podem contar com a gente”.
Cabe ao novo conquistador mostrar que é diferente. Que vai fazer a diferença. O Amazonas não aguenta mais o beijinho, beijinho… pau, pau.