Os primeiros testes da chamada ‘pílula do câncer’ em seres humanos já foram iniciados nesta segunda-feira (17), pela Universidade Federal do Ceará (UFC). De acordo com o site G1, ao todo, 64 voluntários vão participar do experimento, que está sendo realizado pela primeira vez no Brasil.
O diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), Prof. Odorico de Moraes, afirmou que o objetivo da pesquisa é observar qual a dosagem máxima do tratamento, verificar possíveis efeitos colaterais, além de realizar o estudo farmacocinético, ou seja, analisar em quanto tempo o medicamento é absorvido pelo corpo e quanto tempo continua circulando pelo organismo.
Ainda segundo Moraes, todos os voluntários que participam dos testes são sadios, entre 18 e 50 anos. Eles foram divididos em quatro grupos e cada um será acompanhado por 15 dias. As 12 primeiras pessoas receberam 500 miligramas do medicamento, a dosagem inicial do teste. Os outros passarão por dosagens maiores, com um máximo de três miligramas. A próxima etapa, com um novo grupo, deve iniciar no começo de julho.
“Aqui encerramos nossa parte nos estudos da Fase 1 com a fosfoetanolamina, para o qual fomos contratados”, informou o professor.
A coordenação dos estudos é da professora Elisabete Moraes, coordenadora do Centro de Pesquisa do NPDM. As próximas etapas dependem de novos recursos advindos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, órgão financiador da pesquisa.
“Pílula do câncer”
A Universidade Federal do Ceará vem trabalhando, desde 2015, com a comissão nacional para realização de trabalhos pré-clínicos e clínicos sobre a fosfoetanolamina, principal agente da pílula do câncer. Estudos divulgados pela instituição, em 2016, mostram a eficácia da substância sobre um dos tipos mais agressivos e resistentes a respostas do câncer de pele, o melanoma B16F10.
A pesquisa apontou que, ao administrar o medicamento em camundongos, foi possível conferir uma redução de 64% sobre o crescimento do tumor, um índice menor em relação aos verificados com o uso de outros agentes químicos em tratamento de câncer. Além disso, praticamente não houve o registro de efeitos colaterais significativos nos animais.
Os testes com a fosfoetanolamina já foram tema de discussão na Subcomissão de Fármacos da Câmara dos Deputados, com a presença dos pesquisadores da UFC. O grupo reiterou a importância de continuar a pesquisa em equipamentos públicos e de receber financiamento para exercer estudos para o desenvolvimento de fármacos.