Três estudantes do Burundi, na África, foram presas por rabiscarem uma foto do rosto do presidente, Pierre Nkurunziza, em um livro escolar e podem ser punidas com até cinco anos de detenção. Segundo a Suprema Corte do país, as alunas “insultaram o Chefe de Estado”.
Ao todo, sete crianças foram presas sob a mesma justificativa na semana passada na província de Kirundo, no nordeste do Burundi, a cerca de 200 km da capital comercial de Bujumbura. Quatro foram liberadas posteriormente. Uma delas tinha apenas 13 anos e foi solta apenas por ter idade abaixo da permitida para responder por um ato criminalmente.
Segundo o diretor da organização Human Rights Watch na África Central, Lewis Mudge, é comum que nas escolas do Burundi os livros sejam distribuídos e trocados entre os alunos a cada aula, de maneira que não seria possível saber quem rasurou a foto do presidente.
— É ridículo que tenhamos chegado ao ponto de ter que questionar esses alunos sobre isso. São jovens estudantes sendo detidas! — ressaltou Mudge em entrevista para a rede de televisão ‘CNN’.
Não é a primeira vez que uma situação como essa ocorre no país. Em 2016, 11 crianças também foram presas sob a acusação de desfigurar uma foto de Nkurunziza em um livro. No mesmo ano, cerca de 300 alunos também foram suspensos pelo mesmo motivo.
Centenas de burundineses foram mortos em confrontos com forças de segurança e meio milhão de pessoas fugiram para o exterior desde que Nkurunziza anunciou em 2015 que concorreria a um terceiro mandato, o que foi considerado como uma violação da Constituição.
No início deste mês, a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse que o Burundi forçou as Nações Unidas a fecharem seu escritório local após 23 anos. Em 2016, o Burundi suspendeu toda a cooperação com o escritório da organizaçõa no país depois da publicação de um relatório que acusou o governo e seus apoiadores de serem responsáveis por crimes contra a humanidade.