Nesta segunda-feira (4), o secretário de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), coronel PM Marcos Vinícius de Almeida, comentou publicamente sobre um vídeo divulgado recentemente, no qual um homem identificado como Carlos Henrique faz graves acusações relacionadas a uma suposta milícia operando dentro da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM). No vídeo, o homem menciona o próprio coronel Marcos Vinícius, o vereador eleito sargento Salazar, o sargento Henrique Santiago e o sargento Camurça, da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam).
De acordo com o secretário, a denúncia deve ser vista com ceticismo, pois há indícios de que o homem no vídeo era possivelmente um traficante, em uma situação de extremo risco e sob coação armada. “Essa denúncia parte possivelmente de um traficante, que é o que parece ser aquele cidadão. Ainda estamos investigando para entender quem ele era”, afirmou o coronel Marcos Vinícius.
O homem que aparece no vídeo foi posteriormente morto, atingido por 19 disparos, fato que, segundo o secretário, reforça a hipótese de coação. “Claramente aquele cidadão estava no olhar mediante armas, tanto que em seguida foi executado com 19 tiros. Em uma circunstância como essa, qualquer um falaria até que a terra é plana”, declarou Marcos Vinícius, sugerindo que o contexto de pressão poderia ter levado o homem a afirmar qualquer coisa para tentar salvar a própria vida.
O secretário ainda ressaltou que não se sente pressionado pelas alegações e que está “com a consciência tranquila” sobre as acusações. “Minha consciência está muito tranquila”, enfatizou, ao comentar as acusações que, na visão dele, carecem de credibilidade, especialmente considerando o contexto de violência e coação que o homem enfrentava ao fazer as declarações.
Acusações
O vídeo mostra o homem expondo detalhes das atividades criminosas em que ele e supostamente os membros da organização estariam envolvidos. Segundo Carlos Henrique, a suposta milícia controla um esquema de tráfico de drogas no Amazonas, coordenando o envio de entorpecentes para o estado e garantindo proteção para seus membros em operações policiais. No vídeo, ele afirma que recebeu documentos dos líderes para apresentar durante eventuais abordagens policiais, garantindo que pudesse circular livremente e evitar problemas com a própria polícia.
Além disso, Carlos Henrique menciona um suposto envolvimento da milícia no comércio ilegal de ouro e lavagem de dinheiro, com uma empresa, identificada como “JSK“, que seria utilizada para esse fim. Ele alega que esse estabelecimento serve como fachada para movimentar dinheiro ilícito. O homem afirma ainda que existem áudios comprometendo os envolvidos, nos quais discutem ações de extorsão e ameaças, que ele descreve como “arrocho”. Durante o vídeo, uma pessoa não identificada exibe um celular com áudios que supostamente corroborariam essas denúncias.
“Eu, o sargento Henrique Santiago, o sargento Salazar, Camurça da Rocam, Coronel Vinícius fizemos arrocho no meio do rio no qual eu sou o que destino toda a droga para o estado do Amazonas. Nós somos uma milícia onde todos os policiais presos no bairro Monte das Oliveiras fazem parte dela. Eles me deram documentos para caso eu fosse parado pela polícia ter tudo o aval para poder passar batido. Eles têm tudo um comércio ilegal de ouro. da Rocam todos eles fazem parte dessa milícia, temos áudios deles falando da parte do arrocho“, disse.
Em um ponto particularmente revelador, Carlos Henrique vai além das acusações diretas de tráfico e extorsão e faz uma afirmação política: segundo ele, o dinheiro arrecadado pela milícia também é destinado ao financiamento de campanhas eleitorais no estado. Ele cita como exemplos a campanha do sargento Salazar, que obteve grande apoio popular ao se eleger vereador em Manaus, e a do capitão Alberto Neto, outro nome influente na política local.
Morte
Carlos Henrique foi encontrado morto, e imagens de seu corpo foram rapidamente compartilhadas em diversos grupos de redes sociais, intensificando as especulações e o clima de tensão em torno do caso.
O homem foi executado com 19 tiros, evidenciando a brutalidade da ação, que também incluiu tortura e a queima do corpo enquanto ele ainda estava vivo. Durante a perícia no local, foi encontrado um documento militar que, após verificação, se confirmou como falso.
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