Um temporal com fortes ventos atingiu o Rio na noite desta quarta-feira (6), matou ao menos cinco pessoas, causou alagamentos, quedas de árvores, deixou bairros sem luz e acionou sirenes de alerta em áreas de risco. A prefeitura decretou estágio de crise (o mais grave) por volta de 22h e recomendou aos cariocas não saírem de casa.
Foram ao menos cinco mortes até o momento. Uma no Vidigal, outra na Rocinha, duas em Barra de Guaratiba e uma na avenida Niemeyer, onde um ônibus foi parcialmente soterrado por deslizamento. O número pode subir para seis mortos se confirmado que havia mais um passageiro no veículo.
O prefeito Marcelo Crivella (PRB) decretou luto oficial no município por três dias.
O Vidigal, na zona sul, foi um dos bairros mais atingidos, onde ruas viraram córregos. Uma pessoa morreu lá. Na Rocinha, em São Conrado, sirenes alertaram os moradores para desocuparem as residências e se encaminharem para os pontos de apoio próximos. Na comunidade, houve ao menos dois deslizamentos e também foi registrada uma morte. Vídeos publicados nas redes mostram um homem sendo arrastado pela enxurrada -a família divulgou que ele passa bem.
Um dos chamados atendidos pelo Corpo de Bombeiros relatava o soterramento de uma casa na estrada da Gávea, altura do número 200, por causa de um deslizamento. Ainda não há informações sobre vítimas.
No mesmo bairro, clientes do hotel Sheraton, um dos mais luxuosos da cidade, ficaram ilhados com água no joelho entre poltronas que boiavam no meio do lobby totalmente alagado. Na região, o canal do Leblon transbordou atingindo várias ruas comerciais e o shopping Leblon foi invadido pela água.
De acordo com o Corpo de Bombeiros do Rio, outro deslizamento, em Barra de Guaratiba (zona oeste) provocou a morte de uma mulher. Outra morte foi registrada no bairro, dois homens foram resgatados com ferimentos e uma pessoa está desaparecida. Houve ainda deslizamento em Inhaúma, na zona norte.
Segundo a Defesa Civil, choveu em quatro horas mais do que o esperado para todo o mês de fevereiro. Foram 138 mm de chuva em algumas áreas, quando o previsto para este mês era de 130 mm.
Na estação de medição do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) no Forte de Copacabana os ventos chegaram a 110 km. A força da ventania derrubou inclusive cabos de comunicação do teleférico do Complexo do Alemão, na zona norte.
A chuva ainda interrompeu a circulação de ônibus articulados no sistema BRT (Bus Rapid Transit), nos corredores Transoeste e Transcarioca. Alagamentos, carros e árvores bloqueiam o tráfego nos corredores exclusivos. Vias e túneis foram fechados e o trânsito foi intenso em vários bairros.
Chegaram a ser interditadas em ambos os sentidos as ruas Jardim Botânico, estrada Grajaú-Jacarepaguá, rua Epitácio Pessoa, rua Alto da Boa Vista, Túnel Zuzu Angel e avenida Niemeyer. Nessa, um ônibus foi atingido por um deslizamento e provocou o desabamento de um trecho da Ciclovia Tim Maia.
Em entrevista na manhã desta quinta ao canal de TV Globo News, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) disse que o motorista do ônibus afirmou, após ser resgatado, que havia dois passageiros no veículo.
O ônibus foi parcialmente soterrado, o que dificulta os trabalhos dos bombeiros e da Defesa Civil. Durante a manhã, o corpo de uma mulher foi retirado, elevando portanto o número de mortes para cinco.
Segundo a empresa de energia Light, houve interrupções no fornecimento de luz ao menos na Barra da Tijuca e Recreio (zona oeste) e na Tijuca (zona norte).
Os bombeiros registraram até o momento 24 quedas de árvores. A previsão é que a chuva forte continue em partes da cidade.
Crivella esteve na Comunidade do Vidigal durante a madrugada para coordenar o apoio às vítimas dos alagamentos.