O ministro da Justiça, Sergio Moro, disse nesta quinta-feira (28) que o “tempo e a pauta” pertencem ao Congresso.
A afirmação foi feita à Folha de S.Paulo depois de uma reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta manhã, após dias de clima ruim entre os dois.
Na semana passada, Maia chamou Moro de “funcionário de Bolsonaro” e a aliados reclamou das cobranças do ministro da Justiça para pautar o pacote anticrime.
O projeto de mudanças na lei é a principal bandeira do ex-juiz desde que ele chegou ao governo.
Questionado sobre se a expectativa seria de aprovar ainda neste ano, Moro respondeu: “a expectativa, sim, mas o tempo e a pauta pertencem ao Congresso”, deixando clara a mudança de tom.
A reaproximação ocorre em meio ao auge da crise entre Maia e Bolsonaro.
Os dois têm trocado farpas desde o fim da semana passada, sobre a articulação política da Previdência.
O presidente da Câmara disse nesta quarta-feira (27) que Bolsonaro “brinca de presidir” o país.
“O que houve foram ruídos de declarações na semana passada. Isso não implica nada em mudança de relacionamento, tenho um grande respeito pelo presidente Rodrigo Maia”, declarou Moro nesta quinta, durante apresentação de uma operação coordenada pelo Ministério da Justiça para combater pornografia infantil. “Tenho uma relação bastante cordial com o presidente da Câmara.”
Segundo Moro, nesta manhã ele e Maia debateram alternativas para a tramitação do projeto anticrime no Congresso. Ele disse ter confiança na aprovação e afirmou que um grupo de senadores analisa apresentar a sua proposta no Senado Federal, como uma forma de acelerar a tramitação.
Moro, no entanto, ressaltou que essas questões são internas do Congresso e que a eventual apresentação do texto no Senado precisa ser acordada com a Câmara.
“São rusgas que têm que ser contornadas”, avaliou o ex-juiz. “No caso do projeto anticrime, é basicamente a mesma. Acho um projeto importante, temos sérios problemas de crime organizado, de corrupção, nós precisamos seguir adiante, deixar as divergências pessoais de lado, e não são divergências pessoais reais, questões às vezes assim de bobeira, então eu acredito que o clima vai desanuviar.”
O ministro fez ainda uma defesa da reforma da Previdência e disse que “divergências pessoais” precisam ser deixadas de lado para permitir as votações tanto das mudanças no sistema de aposentadorias quanto do seu projeto de lei anticrime.
“Foi apresentado um projeto consistente. Há um certo consenso de que é necessário reformar o sistema para torná-lo mais justo e igual. O que nós ouvimos do governo é que todos são favoráveis. O que nós ouvimos do Congresso, embora haja divergências pontuais, é que há uma posição favorável. O presidente Jair Bolsonaro apoia, o presidente Rodrigo Maia. Então eu acho que tem tudo para ser aprovado”, disse Moro.