O município de Itacoatiara (AM) registrou mais três casos da síndrome de rabdomiólise, associada à “doença da urina preta” (Doença de Haff), nesta quinta-feira, 26. Com isso, o total de casos notificados desde sábado, 22, subiu para 19.
As informações foram repassadas pela Secretaria de Saúde da cidade. Dos pacientes, 15 são adultos e quatro são crianças. Sete deles continuam internados no município, e um em Manaus.
Nesta quinta, equipes da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) e da Fundação de Medicina Tropical (FMT) se reuniram com autoridades de Saúde da cidade.
No encontro, as equipes informaram que, segundo pacientes, os peixes consumidos foram pirarucu, pirapitinga, pacu e tambaqui, e que foram retirados em regiões do rio Arari, de Nova Olinda do Norte, feiras do Santo Antônio e Juari.
Consumo de peixes
O infectologista da FMT, Antônio Magela, explica que a síndrome de rabdomiólise é uma condição caracterizada por lesão muscular aguda. Quando relacionada à ingestão de peixes, ela é chamada de Doença de Haff.
De acordo com ele, os casos de Itacoatiara indicam ser a Doença de Haff. Apesar de ser conhecida como “doença da urina preta”, a Secretaria de Saúde informou que esse sintoma não foi identificado em nenhum paciente, até o momento.
A investigação apontou características em comum nos casos: a identificação deles em núcleos familiares, consumo prévio de peixes e casos com quadro agudo.
“Felizmente, a identificação precoce dos casos e o tratamento adequado estão fazendo com que a evolução seja a mais benigna possível, sem trazer muito risco à saúde das pessoas que adoeceram. Embora seja uma condição clínica que exija bastante cuidado”, disse.
Investigação ainda não aponta contaminação de peixes
A secretária de Saúde de Itacoatiara, Rogéria Aranha, informou que a investigação epidemiológica observou que os pacientes consumiram peixes antes de apresentarem os sintomas, mas ainda não é possível apontar que o alimento estava contaminado.
De acordo com ela, serão abertas linhas de pesquisa junto com os estudiosos pra tentar identificar a causa da infecção.
“Enquanto nós não conseguimos identificar cientificamente a causa, nós estamos fazendo essa busca ativa. Orientando os cuidados com o preparo do alimento e uso racional da informação. A gente não pode causar na população um medo”, informou.
Um protocolo para atendimento de pacientes que apresentarem sintomas da síndrome foi lançado.
“O primeiro passo é dar suporte a esses pacientes que chegam no pronto atendimento, investigação da causa, se foi ou não associada ao consumo do pescado, e partir daí as condutas clínicas, como hidratação do paciente e pesquisa laboratorial para confirmar se é realmente um caso de rabdomiólise”, explicou.
*G1