Nesta quinta-feira, 20 de março, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Cash Courier, uma ação voltada ao combate de uma complexa rede de tráfico internacional de armas que movimentou cerca de R$ 50 milhões. O esquema criminoso, que abastecia o Comando Vermelho (CV) com armas de guerra provenientes dos Estados Unidos, tem como principais suspeitos Frederick Barbieri, conhecido como o “Senhor das Armas”, e o ex-policial federal Josias João do Nascimento, apontado como o verdadeiro líder da organização.
As investigações, que tiveram início após a apreensão de um carregamento de 60 fuzis AK-47 e AR-10 no Aeroporto Internacional do Galeão, em junho de 2017, revelaram que o grupo criminoso enviava armamentos pesados de Miami para comunidades do Rio de Janeiro. As armas eram escondidas em aquecedores de piscina e destinadas a grupos criminosos nas favelas cariocas.
Frederick Barbieri, já condenado pela Justiça americana a 12 anos e oito meses de prisão por tráfico internacional de armas, teria utilizado pessoas físicas e jurídicas para adquirir imóveis e outros ativos como forma de lavar o dinheiro obtido com o tráfico. Além da condenação nos EUA, Barbieri teve bens avaliados em US$ 9,6 milhões confiscados.

Já Josias João do Nascimento, aposentado da Polícia Federal desde janeiro de 2019, é apontado como o chefe de Barbieri e o principal articulador do esquema. Segundo a PF, o ex-agente teria liderado a organização criminosa que enviou cerca de 2 mil fuzis de Miami para o Rio de Janeiro, abastecendo o CV com armas de alto poder de fogo.
A operação desta quinta-feira resultou no cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão em bairros de alto padrão da Zona Oeste do Rio, como a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes. Durante as diligências, um dos investigados resistiu à abordagem policial e efetuou disparos contra os agentes, sendo preso em flagrante por tentativa de homicídio. Não houve feridos no incidente.
A Justiça também determinou o bloqueio e sequestro de R$ 50 milhões em bens ligados ao esquema criminoso, incluindo imóveis e bens de luxo adquiridos com o dinheiro obtido do tráfico de armas. Para ocultar a origem dos valores, os líderes do esquema utilizavam empresas de fachada e laranjas, criando um sistema sofisticado de evasão de divisas e lavagem de capital.
A Operação Cash Courier conta com a participação do Ministério Público Federal (MPF), do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra) e da Secretaria Nacional de Segurança Pública. As investigações continuam em andamento, com a expectativa de novas prisões e apreensões.
Comentários sobre este post