A entrevista exclusiva que Cleusimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja Cardoso, deram ao jornalista Roberto Cabrini foi ao ar hoje (22), no Domingo Espetacular da TV Record. Na reportagem, os presos falaram sobre o uso da Ketamina em reuniões da seita “Pai, Mãe Vida”. As autoridades investigam se a substância de uso veterinário tem relação com a morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido.
No dia 28 de maio de 2024, Djidja Cardoso foi encontrada morta em sua casa. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontando edema cerebral, que pode estar relacionado a uma overdose. Três meses antes, Djidja já havia revelado sua luta contra a depressão e gastrite, e sua família buscou ajuda policial devido ao seu estado de saúde, que incluía o uso de drogas.
Sobre o caso, Cleusimar comentou que é um marco em sua vida e na humanidade e que não havia percebido que sua filha estava para morrer. “Ela sofria de amores que não davam certo e usava muito clonazepam. Eu não acredito em overdose. Se fosse uma overdose, por que Ademar não está morto? Por que eu não estou morta? A escolha que fazemos na vida é individual. Eu nunca obriguei ninguém a usar (a cetamina)”, afirmou.
Ela também defendeu a liberdade de culto e afirmou nunca ter colocado a vida de outras pessoas em risco. “Nós fazíamos reuniões em casa, com cabeleireiros. Fazíamos experiências em cabelo”, acrescentou.
Questionada se sobre arrependimento, Cleusimar disse que se pudesse mudaria o passado, porque assim como Djidja , ela e Ademar também foram vítimas.
“O meu erro foi de não ter parado com os psicodélicos, porque era muito difícil a gente parar naquele momento bem depressivo. Eu estava em um momento em que precisava daquela substância, mas as coisas acontecem exatamente como elas têm que acontecer”, finalizou.
Assim como a irmã Djidja, Ademar Cardoso também disse que teve suas próprias dificuldades com drogas. “Eu era viciado. Um cego não conduz o outro, a não ser cair no precipício. Minha mãe bloqueou diversas vezes as contas da Djidja . A seita não era para um enriquecimento pessoal, mas sim uma oportunidade de ajudar os outros”, disse.
Ademar tem tatuado a frase “Pai, Mãe, Vida” no peitoral, mas ele afirma que não se trata de uma seita, se contradizendo. Ele também tatuou o número 28 na mão esquerda, que é o mesmo dia (28 de maio) em que a irmã morreu. Ele compartilhou que teve um sonho, que foi uma espécie de visão premonitória sobre a morte dela.
“Tatuei um ano antes da minha irmã morrer. Nesse sonho eu via (o número) 28 e passeava por cima de um caixão, sem ninguém. A mesma cena que a minha irmã passou”, contou.
Ademar descreveu que as reuniões aconteciam como um espaço de meditação, onde não havia um líder, mas sim um foco em alcançar um estado “transcendental”.
“Eu acredito que a contradição está no excesso. Pois quando gera um excesso, é prejudicial. Eu senti que o cruzei é fronteira que quando usei (a cetamina) excessivamente”, explicou.
Sobre a morte de Djidja , Ademar disse: “Causa peso no coração. Não causa peso na consciência. Eu não poderia impedir o livre arbítrio dela, porque eu corromperia a soberania dela. Mas eu tentei, levei ela até ao médico várias vezes, inclusive, compulsoriamente. Eu não tenho medo de ser condenado. Eu acredito na minha verdade. Eu sei minha verdade. Eu não cometi nenhum crime desses. Eu era muito viciado em droga. Não acredito que tenha passado com algum conceito errado”, finalizou Ademar.
Investigada por comprar a ketamina, Verônica da Costa Seixas, gerente do salão de beleza da família Cardoso, negou distribuir a substância e esclareceu que não obrigavam ninguém a usar.
“Nós tínhamos reuniões e ninguém era obrigado a usar nada, mas se a pessoa queria usar a cetamina, ela usava. Não tínhamos agulha, se alguém queria, pegava a que já estava usada. A mudança na nossa mente era evidente”, afirmou.
“Existia um agrupamento que tinha como objetivo o estudo de conteúdos religiosos, mas acabavam induzindo o uso de fármacos, configurando tráfico de drogas”, contou o delegado Cícero Túlio sobre as investigações reforçando a gravidade da situação envolvendo a seita.
A advogada de defesa da família, Rosana Assan, defendeu: “Eles são inocentes, usuários de substâncias que precisam ser ouvidos. O que matou Didja foi o uso excessivo de drogas”.
Outro advogado da defesa, Morzarth Bessa, acrescentou: “Não há provas de que compraram droga. Quem deve dizer se a substância é droga ou não é o perito”.
No início do mês, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) iniciou a audiência de instrução do caso.
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