Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) iniciou, na última semana, as obras de dragagem no Rio Madeira, no trecho de 620 km entre Porto Velho (RO) e Manicoré (AM). Com estimativa de dragar 1,2 milhão de m³ por ano, o objetivo dos serviços é garantir a manutenção do canal de navegação com largura e profundidade adequados, mesmo durante período de estiagem.
Por meio do trabalho, o DNIT busca assegurar a fluidez e um maior carregamento dos comboios, mantendo a capacidade de carga das barcaças compatível com o planejamento de transporte das empresas – o que evita a migração de cargas para modais de transporte mais onerosos e favorece a redução do custo de frete.
O contrato de dragagem da hidrovia, assinado pelo DNIT no mês de junho, tem duração estimada de quatro anos. Serão quatro meses no ano para execução da dragagem de sucção e recalque, método já usado nos contratos anteriores; e dois meses para a dragagem de draga com autotransportadora de cisterna, que garante maior produtividade e precisa operar com o rio mais cheio.
O volume contratado de dragagem no Rio Madeira é de 1.260.000 m³ de sedimentos por ano, podendo chegar a 1.570.000 m³. Para realização dos serviços, devem ser usadas três dragas de sucção e recalque.
A previsão é que sejam dragados os passos críticos Curicacas, em Rondônia, e Miriti, no Amazonas, além de trechos que eventualmente apresentem dificuldade para a navegação. Os pontos de dragagem são definidos em planejamento executivo antes do início dos serviços, consultando batimetrias mais atuais e dialogando com os usuários da hidrovia.
Hidrovia
O Rio Madeira é um dos principais eixos logísticos do norte do país e integra o Arco Norte. A região compreende os estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará, Mato Grosso e Tocantins, e permite o escoamento de safras pelo rio Amazonas e seus afluentes da margem direita – que correm na direção sul-norte, dos cerrados do centro do país para a floresta Amazônica.
Pelo Rio Madeira é feito o escoamento de produção agrícola, principalmente soja e milho de Mato Grosso e Rondônia, e de insumos como combustíveis e fertilizantes com destino a Porto Velho e Manaus. Além disso, são transportados alimentos e produtos produzidos na Zona Franca de Manaus. Só em 2020, foram movimentadas 10,4 milhões de toneladas pela hidrovia – volume 10% maior do que no ano anterior, quando a movimentação foi de 9,5 milhões de toneladas.
O tráfego de embarcações no Rio Madeira cresceu exponencialmente a partir da década de 1990. Em função da implantação da nova fronteira agrícola de soja e milho na região Centro-Oeste do Brasil, a produção dessas matérias-primas passou de praticamente zero para um volume que exige para seu transporte, atualmente, um fluxo de comboios de balsas e empurradores de grande porte, além dos barcos mistos de passageiros e pequenas cargas.
PADMA
O serviço de dragagem do Rio Madeira é feito por meio do novo método de contratação de serviços de dragagem nas hidrovias brasileiras. O sistema, implantado neste ano, tem como base o modelo de contratação de serviços de manutenção já utilizado no modal rodoviário. O plano busca mais agilidade na execução, medição e fiscalização dos contratos desse serviço.