As doenças de pele são classificadas como a quarta causa mais comum de doença humana, mas talvez ela seja ainda mais prevalente, já que muitas pessoas afetadas não consultam um médico. Isso é o que descobriu um novo estudo do Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, órgão semelhante à Sociedade Brasileira de Dermatologia. O estudo estimou a prevalência de doenças de pele fora do ambiente médico típico. “O estudo reforça o quanto as campanhas de informação e conscientização são necessárias para abordar melhor essa questão negligenciada e reduzir a carga global de doenças de pele”, afirma a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.
Para incluir pessoas que nunca ou raramente procuram assistência médica, o estudo não se baseou em dados de seguro de saúde, mas em dados coletados na Oktoberfest de Munique, na Alemanha. Exames de triagem foram realizados aleatoriamente em visitantes participantes.
Dos 2.701 indivíduos do estudo, pelo menos uma anormalidade da pele foi observada em 1.662 dos participantes (64,5%). “Segundo o estudo, os diagnósticos mais comuns foram queratose actínica (26,6%), rosácea (25,5%) e eczema (11,7%). As doenças de pele aumentaram com a idade e foram mais frequentes nos homens (72,3%) do que nas mulheres (58,0%). Quase dois terços dos participantes afetados não tinham conhecimento de seus achados anormais na pele”, diz a médica. “Como o estudo é europeu, por conta das diferenças climáticas, é possível que a rosácea não seja tão prevalente no Brasil, no entanto as outras doenças continuam como preocupação mundial”, diz a médica.
De acordo com a médica, no geral a distribuição da ocorrência de doenças ou alterações na pele ao longo da vida de uma pessoa não pode ser generalizada. “Embora a carga associada ao eczema seja relativamente constante em todos os grupos etários, a acne é mais prevalente durante as primeiras três décadas de vida. Por outro lado, as doenças de pele, como a psoríase e os carcinomas de queratinócitos (KC), são mais prevalentes nas décadas seguintes”, afirma a médica.
A Dra. Kédima Nassif enfatiza que a visita anual ao dermatologista é primordial, para averiguação da condição da pele e detecção de doenças, que muitas vezes o paciente não está familiarizado.
O maior perigo é o câncer de pele e, embora o diagnóstico de câncer de pele normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são de mais de 90%, quando há detecção precoce da doença, segundo a SBD. “Qualquer lesão que coce, doa ou sangre e que aumente de tamanho com rapidez ou apresente sensibilidade, precisa ser examinada por um dermatologista, que fará então uma dermatoscopia manual ou de preferência digital avaliando a necessidade da retirada cirúrgica”, explica a médica. “Além do check up anual, assim que você notar qualquer situação em que sua pele se comporte de uma maneira diferente, observando qualquer alteração, é indicado buscar auxílio de um dermatologista para o tratamento do problema”, finaliza.
DRA. KÉDIMA NASSIF: Dermatologista e Tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui Residência Médica em Dermatologia também pela UFMG; realizou complementação em Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal, transplante capilar pela FMABC e em Cosmiatria e Laser pela FMABC. Além disso, atuou como voluntária no ensino de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. www.kedimanassif.com.br
LINK do Estudo: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/jdv.15494%20
*Bemparaná