Uma quadrilha que aplicava golpes em um site de compra e venda de produtos foi desarticulada. Segundo a Polícia Civil do Amazonas, o grupo atuava de dentro de um presídio e os crimes ocorriam em oito estados brasileiros, entre eles, o Amazonas. Pelo menos 30 pessoas foram vítimas.
A operação denominada “Falsários” foi realizada em conjunto com policiais civis lotados no município de Rondonópolis, no Mato Grosso.
Segundo o titular da Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações, delegado Guilherme Torres, durante a ação policial deflagrada na terça-feira (3) foram cumpridos 17 mandados de prisão preventiva pelos crimes de estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Além disso, também foram cumpridos três mandados de busca e apreensão.
Durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (10) na sede da Derfd, em Manaus, Torres explicou que 30 Boletins de Ocorrência em relação a esses tipos de crime foram registrados na especializada.
“Esses crimes registrados são de estelionato praticado por plataforma de compra e venda de veículos. A partir desse momento, as equipes de investigações começaram a ir em campo e descobrimos que se tratava de uma organização criminosa oriunda do Mato Grosso, cidade de Rondonópolis, de dentro de um presídio. Eles [suspeitos] utilizavam a prisão como um verdadeiro escritório para cometer crimes”, disse.
Após a constatação dos crimes, o titular contou que solicitou os mandados de prisão em nome dos suspeitos envolvidos na prática criminosa, além da solicitação de seis mandados de busca e apreensão e também de prisão em nome de uma mulher de 24 anos que atuava fora do presídio.
“Era ela quem gerenciava, guardava os bens, veículos. Fomos até a cidade na semana anterior, cumprimos todos os mandados, fizemos uma busca nas celas e encontramos 75 chips todos anotados com número de uma operadora”, completou.
Como atuavam
Conforme a polícia, o vendedor anunciava o produto em um site de compra e venda um veículo no valor de R$ 50 mil. Logo, o criminoso com um celular dentro do presídio, entrava em contato com esse vendedor e demonstrava interesse em adquirir o produto.
- O criminoso pedia para que o vendedor retirasse o anúncio do ar, pois cita que irá fechar negócio;
- O criminoso clona o anúncio e vende por um valor muito menor, do que o valor do mercado;
- Surge uma terceira pessoa [vítima], se interessa pelo valor baixo e passa fazer negociação com o criminoso achando que ele é o verdadeiro vendedor;
- Com o avançar da negociação, a vítima pede para ver o carro e o criminoso entra em contato com o vendedor original e diz ter um funcionário para qual está devendo um dinheiro, mas pede para não citar valores pois o interesse era pagar com o carro;
- A vítima, então, entra em contato com o vendedor e não tratavam valores;
- Feito o ‘acordo’, a vítima retorna e entra em contato com o criminoso e diz que tem interesse no veículo;
- A vítima deposita o dinheiro e, posteriormente, é bloqueada em um aplicativo de mensagens onde tinham contato;
- A vítima vai até o dono do carro e questiona a entrega do veículo. No entanto, o proprietário conta que não recebeu nenhum dinheiro.
Segundo a polícia, o grupo criminoso possuía o suporte de duas mulheres, parentes dos infratores, que eram responsáveis pelas movimentações financeiras.
O delegado adjunto da Derfd, Demétrius Queiroz, contou que o prejuízo das vítimas chega a quase R$ 1 milhão.
“O foco dessa organização criminosa é carros de valores altos, entre R$ 50 a 70 mil. Nesse livro de anotações dos criminosos podemos ver negociações de caminhões de quase R$ 200 mil”, disse.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, foram apreendidos R$ 1 mil em espécie, documentos, celulares, caderno contendo anotações do esquema ilícito e dezenas de chips de celular. Um terreno foi apreendido, no local, uma casa estava sendo construída para a lavagem de dinheiro. Veículos entre carros e motos foram apreendidos.
Os 16 suspeitos foram indiciados por estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os homens permanecem na unidade prisional onde já cumprem pena por crimes. Entre os presos, duas mulheres foram encaminhadas para um presídio feminino do Estado de Mato Grosso. As informações são do site G1.