Parceria entre FAS e Americanas investe em conectividade para promover o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida de comunidades ribeirinhas do Amazonas
Na vida moderna, é quase impensável viver sem o uso de tecnologias digitais. No entanto, em meio à Amazônia – região que representa aproximadamente 60% do território brasileiro e abriga a maior diversidade em floresta tropical no mundo – ainda há localidades onde a internet parece mais uma “história de pescador”. É para mudar essa realidade que a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e a Americanas desenvolvem, desde 2018, um projeto que leva internet para comunidades remotas do interior do Amazonas. Ao todo, a iniciativa beneficia, diretamente, mais de 1.400 pessoas em oito dos nove núcleos da fundação espalhados pelo estado.
Por conta das distâncias físicas entre as comunidades ribeirinhas e os grandes centros, a escassez de conectividade não apenas mantém os povos da floresta isolados, como impacta seu acesso à saúde, educação, informação, entre outros serviços básicos para uma boa qualidade de vida e para o desenvolvimento sustentável da região. Por conta destes fatores, o acesso à rede já trouxe diversas mudanças para as vidas dos comunitários e ajudou a solucionar desafios importantes, como o da comunicação.
“Usar a internet aproxima a gente dos amigos e parentes que estão distantes. Também nos mantemos em contato direto com membros de associações e instituições, o que é essencial. O projeto Conectividade é o que socorre com uma internet boa, onde conseguimos nos comunicar de maneira rápida e fácil”, conta José Cruz Lima de Lima, 31 anos, morador da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Uacari, no município de Carauari, a 787 quilômetros de Manaus. José trabalha como monitor na Casa Familiar Rural do Campina, espaço de educação focado no campo e na floresta.
Outro beneficiário do projeto é João Victor, 21 anos. Natural de Manaus e estudante de Pedagogia, o jovem é um dos usuários da internet disponível no Núcleo de Conservação e Sustentabilidade (NCS) da FAS, na RDS Rio Negro, uma estrutura integrada à floresta com biblioteca, salas de aula e laboratório de informática. É no núcleo que João Victor assiste às aulas, estuda, faz cursos, se informa e se “conecta” ao mundo além do Tumbira, comunidade situada na zona rural do município de Iranduba, a 64 quilômetros de Manaus.
“Com a chegada da internet do laboratório [NCS], tudo ficou muito mais viável para mim, já que uma boa conexão e que não falha como antes é fundamental para as nossas videoaulas e das provas”, conta o universitário.
É também nesse espaço que a técnica de enfermagem e Agente Comunitária de Saúde (ACS), Maria Augusta Macedo Vieira, de 43 anos, realiza aspectos importantes do seu trabalho. “Usar a internet do laboratório ajudou bastante na minha vida profissional, pois me auxilia a me comunicar melhor com meus superiores que estão distantes”, destaca.
Com o avanço da pandemia do novo coronavírus no Amazonas, o projeto de conectividade também surgiu como aliado, possibilitando o uso de telemedicina como uma importante ferramenta na região. “A telemedicina só é possível por causa do projeto. Por ela, nós recebemos orientações e treinamentos para tratar os casos suspeitos da Covid-19 e como atuar para prevenir a transmissão na comunidade”, relata.
Na comunidade Três Unidos, do povo Kambeba, localizada à margem do rio Cuieiras, na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro, a 60 quilômetros de Manaus, a chegada da internet facilitou o acesso à informação e tem ajudado o professor de educação indígena, Mário dos Santos Cruz, 31 anos, a encontrar novas formas de organizar os projetos da comunidade. “O professor indígena precisa assumir uma posição estratégica. Trabalho com o pessoal da saúde e da religião, na organização da comunidade. Além disso, contribui no processo de reflexão e planejamento dos projetos da comunidade. Sou uma liderança, meu papel social é muito importante na comunidade como professor”, afirma.
E para melhor exercer esse papel, o acesso à rede é imprescindível para Mário e os demais moradores da Três Unidos. “É essencial hoje ter informação, participar e opinar e, nisso, a internet facilita muito”, diz o professor.