Zaida Maria Fermin, 49, chegou ao Brasil em setembro de 2018 com poucos pertences, mas muitos conhecimentos. Bióloga de formação e doutora em ciências da educação, Zaida se tornou a primeira refugiada venezuelana a ter o seu diploma revalidado no Brasil. “Agora vou poder retribuir tudo o que o Brasil fez por mim, ensinando tudo o que aprendi”, disse.
A gratidão de Zaida também é esperança para centenas de refugiados e migrantes venezuelanos com Ensino Superior que moram no Amazonas. A primeira revalidação de diploma de uma pessoa refugiada da Venezuela aconteceu por meio de uma parceria da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) com a Associacão Compassiva, implementada pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
O processo de revalidação de diplomas de pessoas refugiadas é um mecanismo fundamental para facilitar a integracão local de pessoas que, como Zaida, têm muito a contribuir para o desenvolvimento de onde passam a viver. Só em 2019, 60 processos de revalidação foram submetidos para análise no Estado.
“É um grande sonho que estou realizando. Decidi deixar a Venezuela para buscar uma nova oportunidade para os meus filhos, pois gostaria que todos estudassem e no momento isso não seria possível por lá. Consegui tirar nossos documentos por aqui e então decidi dar entrada no processo de revalidação do diploma para que pudesse voltar à minha missão de ser professora. O próximo passo é conseguir um emprego na minha área”, comenta Zaida, que viajou com marido e dois filhos de Puerto Ordaz para Manaus.
Em Manaus, a UEA foi a primeira dialogar com o Acnur e Compassiva para aceitar processos de revalidação de venezuelanos. A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) também conta com uma solicitação de revalidação em tramitação. Para obter a revalidação de diploma no Brasil, é preciso submeter uma série de documentos junto às universidades públicas do país, que fazem a análise da equivalência da titulação segundo os critérios educacionais locais.
Assim como Zaida, muitas destas pessoas chegam ao Brasil com notória formação acadêmica, experiência profissional e capacidade técnica para contribuírem para o desenvolvimento de suas comunidades e do país como um todo. O Acnur trabalha com seus parceiros dos setores público, privado e acadêmico para garantir os direitos das pessoas refugiadas e assegurar que haja mecanismos para seu desenvolvimento pleno e irrestrito.