Depois de passar 11 dias atrás das grades sem ter cometido qualquer crime, a esteticista Danielle Estevão Fortes, que completou 28 anos no último dia 14, ainda não conseguiu receber o presente que mais deseja na vida: o de voltar a ser uma pessoa com ficha limpa. Em junho do ano passado, ela foi presa por engano, ao ser confundida com a irmã Daniela Silva Estevão, de 24, que era suspeita de envolvimento em dois assaltos, ocorridos em 2018, em Duque de Caxias.
A Justiça reconheceu o erro que cometeu e relaxou a prisão da esteticista, que deixou a cadeia no dia 18 de junho. Oito dias depois, a irmã dela, Daniela foi presa, em Rio das Ostras.
Ela foi julgada e condenada por um dos assaltos, a uma pena de dez anos de prisão, em um processo que tramita na 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias. Neste caso, Daniele já foi inocentada.
Mas, por conta de um segundo processo, que tramita na 3ª Vara Criminal de Duque de Caxias, no qual a esteticista ainda não recebeu uma sentença de absolvição, ela continua sofrendo consequências de um crime que nunca cometeu. Assim, seu nome ainda consta como ativo nas folhas de antecedentes criminais, no banco de informações da Polícia Civil e no sistema usado pela Secretaria estadual de Administração Penitenciária.
— Fui tentar fazer uma carteira para visitar minha irmã no sistema penitenciário e uma mensagem dizia que eu respondia a um processo em liberdade e que deveria esperar 12 meses para fazer a visita. Quero meu nome limpo de volta. Não posso pagar duas vezes por uma coisa que não fiz — disse a esteticista.
Por conta do problema, Danielle passa por problemas psicológicos.
— Estou fazendo tratamento psicológico e chego a ter crise de ansiedade. Não consigo nem andar de van. Na hora vem na minha cabeça as lembranças de quando fui levada no veículo de transferência dos presos para um presídio em Bangu, e aí começo a suar. Tenho dormido poucas horas à noite. Se durmo às 23h, acordo às 3h ou às 4h e não consigo mais pregar o olho. A situação está tão difícil que tenho medo até de aglomerações. Começo a me coçar toda e chego ate a me machucar— disse a esteticista.
Segundo o advogado João Vicente Cordeiro de Oliveira, que defende Danielle, é necessário que o juízo da 3ª Vara Criminal de Caxias expeça uma sentença de absolvição para que sua cliente seja inocentada e tenha o nome limpo novamente. E que a irmã dela, Daniela, seja julgada pelo caso.
Ele já adiantou que vai recorrer a uma instância superior para que a esteticista não continue sofrendo as consequências de um crime que não cometeu.
—Estamos preparando um habeas corpus com um pedido de trancamento da ação penal em relação a Danielle. Se o pedido for aceito na segunda instância, o nome da Danielle ficará automaticamente limpo. Deveremos entrar com este pedido até o fim do mês —disse o advogado.
Procurada, a assessoria do Tribunal de Justiça informou, através de uma nota, se que o nome de Danielle já foi substituído no processo pelo o nome da irmã Daniela.
Mas, ainda não há prazo definido para que uma sentença do caso seja expedida pelo juízo da 3ª Vara Criminal de Duque de Caxias.
A esteticista, que já havia afirmado ter perdoado a irmã quando saiu da cadeia, disse ter recebido recentemente uma mensagem de Daniela.
—Ela mandou um recado no dia do meu aniversário. O filho dela faz aniversário junto comigo e completou 3 anos. Ela pediu para eu dar um abraço nele por ela —disse.
*Extra