O litro da gasolina no Brasil pode ser vendido a R$ 3,60, se houver mudança na política de precificação da Petrobrás, aponta estudo elaborado pelo Observatório Social da Petrobrás, grupo formado por trabalhadores e pesquisadores brasileiros. Na quinta-feira, 1, o observatório irá lançar uma campanha nas redes sociais para defender o “Preço Justo Já!”.
O estudo aponta que é viável comercializar o litro da gasolina mais barato do que o praticado hoje no mercado nacional. Nas últimas semanas, conforme dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), o preço médio do litro da gasolina comum em Manaus estava R$ 5,236 e em Itacoatiara (a 175 quilômetros de Manaus) chegou a R$ 5,982.
De acordo com o observatório, o novo valor traria benefícios à população, que tem sofrido com os reajustes sucessivos da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, sem colocar em risco a lucratividade da companhia, dos distribuidores e revendedores de combustível.
A pesquisa do grupo parte de uma análise da estrutura de custos da Petrobrás, eliminando a política de PPI (Preço de Paridade de Importação), modelo que a estatal utiliza desde 2016 para definir os valores dos combustíveis em suas refinarias.
Apesar de cerca de 80% dos derivados do petróleo serem produzidos hoje no Brasil, o PPI segue o mercado internacional e usa a cotação do barril de petróleo e do dólar, mais os custos da importação, que incluem transporte e taxas portuárias, como principais referências para o cálculo da gasolina, criando preços fictícios para o consumidor brasileiro.
“Essa formulação de preço faz com que a Petrobrás venda combustíveis produzidos no país como se fossem importados, privilegiando grandes acionistas e multinacionais com o reajuste dos valores. Os acionistas são beneficiados pelo crescimento do lucro e as empresas estrangeiras pela oferta de preços favoráveis, que lhes permitem ampliar as suas fatias do mercado nacional”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do Ibeps (Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais).
O estudo é fundamentado nos relatórios financeiros publicados pela Petrobrás e aponta que, mesmo com a disparada do dólar, os gastos com extração (lifting cost) e refino caíram e, em 2020, ficaram abaixo da média real dos últimos 16 anos.
Graças à descoberta do pré-sal, a estatal registrou em dezembro passado um custo de extração de petróleo por barril na ordem de R$ 67,60 e de refino, de R$ 8,67. “É importante salientar que a maior parte do gasto em dólar da companhia concentra-se na extração, onde há maior demanda de serviços de empresas estrangeiras, como, por exemplo, o aluguel de plataformas”, afirma o observatório.
Para chegar ao valor de R$ 3,60, a pesquisa se baseou em variáveis reais e não nas do mercado financeiro internacional. O cálculo considerou o valor que a Petrobrás gasta para extrair petróleo no Brasil, mais os custos da importação de derivados e do refino e outros gastos, como custos de exploração e desenvolvimento, que não são divulgados pela empresa. O resultado é um preço justo e praticável, que assegura à Petrobrás 100% de lucro operacional para a extração e o refino da gasolina.
Veja os números:
Realização Petrobrás – R$1,17
Etanol – R$ 0,78
ICMS – R$ 0,90
Impostos federais – R$ 0,44
Distribuição e transporte – R$ 0,30
Total – R$ 3,60