Em um mês, a Polícia Civil do Amazonas desvendou dois grandes esquemas de estelionato na venda de imóveis que tiveram dezenas de vítimas em Manaus. Em março, durante a operação Orbis, 12 pessoas foram presas por comercializar terrenos baldios, um golpe de cerca de R$ 500 mil na praça. Na semana passada, em outro esquema desbaratado, foi indiciado Márcio José dos Santos Fontenelle, 43, que fingia ser dono de uma construtora na zona norte da cidade e que enganou mais de 40 pessoas.
Outro caso veio à tona na última terça-feira (30/4), quando a Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (DERFD) prendeu Tiago da Silva Cortez, 28. Ele também se passava por dono de uma construtora e foi preso em cumprimento a mandado judicial por um golpe aplicado em outubro do ano passado, e que resultou em um prejuízo de pelo menos R$ 80 mil a uma das vítimas. Segundo a DERFD, há um total de 39 Boletins de Ocorrência registrados contra o infrator.
“No ano de 2016, ele foi preso pela equipe do 20º DIP após se passar por cerimonialista, anunciando serviços de casamento, aniversários, aplicando golpes que totalizam cerca de R$ 400 mil”, enfatizou o titular da DERFD, delegado Guilherme Torres.
Os casos servem de alerta a população redobrar os cuidados para não cair nas mãos de golpistas. De acordo com o titular da 5ª Seccional Centro-Oeste, delegado Rafael Allemand, é preciso total cautela e checagem de informações para não ser vítima desses esquemas criminosos.
“Se for comprar terrenos ou imóveis pela internet, marque no local e vá sempre acompanhado de um advogado, de um especialista em Direito Imobiliário, ou então de uma corretagem de imóveis, para não ser vítima de uma organização criminosa, tendo em vista que eles utilizam documentação falsa pessoal e do imóvel também. Para você não ser vítima e não ter seu dinheiro jogado fora, procure um especialista. Mas, se for vítima, procure a Delegacia”, disse Allemand.
Para tentar evitar que a população seja vítima desse tipo de crime, os órgãos que compõem o Sistema de Segurança Pública vêm fechando o cerco no combate às organizações criminosas que atuam no Amazonas, especialmente nos crimes de estelionato envolvendo veículos, imóveis e transações financeiras realizadas pela internet, além de orientar a população.
De acordo com o Código Penal brasileiro, o crime de estelionato tem pena de um a cinco anos de reclusão, além de multa. Porém, na maioria dos casos, é difícil a vítima ter de volta o valor perdido.
Outro tipo de estelionato comum é na comercialização de veículos. Dados da Delegacia Especializada em Roubos e Furtos de Veículos (DERFV) apontam que, em 2018, nove em cada dez inquéritos policiais instaurados pela Especializada tinham relação com crimes envolvendo a comercialização de veículos por sites de compra e venda.
“Inicialmente, o cidadão precisa se certificar de que os documentos do veículo estejam no nome do vendedor e sempre desconfiar se estiverem no nome de terceiros. Nunca efetuar pagamentos antes de ver o veículo e sempre realizar a transferência do veículo no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), na companhia do vendedor”, alertou o titular da DERFV, delegado Cícero Túlio.
Denúncias – O delegado do 30º Distrito Integrado de Polícia (DIP), Torquato Mozer, ressaltou a importância das vítimas comparecerem em uma Delegacia para registrar a ocorrência. Segundo ele, o cidadão precisa sempre desconfiar de ofertas muito vantajosas, especialmente em produtos comercializados pela internet.
“Quando a esmola é demais, o santo desconfia. A vítima, em razão dessa diferença de valores, acaba por acreditar. Em outros casos, o golpe é muito mais bem feito, em que se simula uma loja ou algum tipo de venda, mas basta um pouco de cuidado e cautela, verificando quem é o comprador, se o site é o verdadeiro da empresa. Um outro cuidado é quanto ao fornecimento de dados por telefone, porque o estelionatário pode estar tentando colher outras informações da vítima para aplicar novos golpes”, alertou o delegado.
O cidadão que suspeitar desse tipo de crime deve procurar imediatamente a delegacia mais próxima para denunciar o caso e colaborar com a polícia. Denúncias sobre novos esquemas e casos já elucidados podem ser feitas ao 181, o disque-denúncia da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).