Uma operação conjunta realizada entre os dias 31 de janeiro e 3 de fevereiro em Maués, no Amazonas, expôs uma realidade chocante de exploração e degradação humana e ambiental. A Operação Mineração Obscura 2, conduzida pela Polícia Federal (PF) em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), resgatou garimpeiros submetidos a condições análogas à escravidão e inutilizou minas subterrâneas de garimpo ilegal.
A ação foi um desdobramento da Operação Déjà Vu, que já havia identificado práticas semelhantes na região. Desta vez, as denúncias apontavam para a exploração de mão-de-obra degradante e o uso de cianeto na extração ilegal de ouro, métodos que colocam em risco tanto a vida dos trabalhadores quanto o meio ambiente.
Durante a operação, as equipes de campo constataram que os garimpeiros eram submetidos a jornadas exaustivas, sem acesso a direitos básicos como alimentação adequada, condições de higiene e segurança no trabalho. Além disso, os trabalhadores estavam expostos a substâncias químicas tóxicas, como o cianeto, utilizado na extração do ouro, o que representa um grave risco à saúde.
O método de extração também chamou a atenção: minas subterrâneas, uma prática incomum e de alto risco, que aumenta a vulnerabilidade dos trabalhadores a acidentes e desabamentos. “Eles trabalhavam em condições sub-humanas, sem qualquer proteção ou garantia de direitos”, relatou um dos agentes envolvidos na operação.
Danos ambientais bilionários
Além da exploração humana aos garimpeiros, a operação revelou um cenário de devastação ambiental. Os danos já avaliados superam R$ 1 bilhão, considerando o desmatamento de áreas de preservação, a contaminação de lençóis freáticos e a degradação do solo. O uso de cianeto, em particular, representa uma ameaça grave aos ecossistemas locais, podendo contaminar rios e afetar a biodiversidade da região.
“A extração ilegal de ouro não só explora pessoas, mas também destrói o meio ambiente de forma irreversível. É um crime duplo: contra a humanidade e contra a natureza”, destacou um representante do ICMBio.
A Operação Mineração Obscura 2 faz parte de um esforço maior do Governo Federal para combater o trabalho análogo à escravidão no país, ao qual os garimpeiros eram submetidos. Em 2024, foram realizadas mais de 1 mil ações de fiscalização, resultando na libertação de 2 mil pessoas e no ressarcimento de R$ 7 milhões em direitos trabalhistas negados.
“O combate ao trabalho escravo é uma prioridade. Não podemos aceitar que, em pleno século XXI, pessoas ainda sejam submetidas a condições tão degradantes”, afirmou um representante do Ministério do Trabalho e Emprego.
Próximos passos
Os garimpeiros resgatados durante a operação receberão assistência médica, psicológica e jurídica. Além disso, os responsáveis pela exploração serão investigados e poderão responder por crimes ambientais e trabalhistas.
A Operação Mineração Obscura 2 deixa claro que, enquanto houver exploração humana e degradação ambiental, as autoridades seguirão atuando para coibir essas práticas. No entanto, a conscientização e a participação da sociedade são fundamentais para erradicar esse mal que ainda assombra o país.
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