A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava ciente, ordenou e recebeu dinheiro vivo da venda de joias e presentes valiosos recebidos durante viagens de Estado. O inquérito, que tem mais de duas mil páginas, aponta para uma “associação criminosa voltada para a prática de desvio de presentes de alto valor”.
As investigações foram impulsionadas por depoimentos cruciais do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e de seu pai, o general Mauro Cesar Lorena Cid. Mesmo tendo apagado mensagens do celular, Bolsonaro deixou rastros que comprovariam seu envolvimento direto na venda das peças. Um exemplo citado no relatório é a resposta de Bolsonaro autorizando a venda das joias sauditas com a expressão militar “Selva!”, indicando aprovação.
As provas reunidas pela PF são consideradas contundentes. Bolsonaro, por sua vez, criticou a investigação, alegando diferença de tratamento entre ele e o presidente Lula, além de erros no valor dos desvios, corrigidos pela PF para cerca de 7 milhões de reais. Contudo, ele não negou nem explicou o esquema de venda das joias.
A defesa de Bolsonaro argumenta que os presentes recebidos pelo ex-presidente seguiram protocolos rígidos de tratamento e catalogação definidos pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica, composto por servidores de carreira. A defesa também destaca que situações semelhantes em governos anteriores não foram investigadas com o mesmo rigor.
A investigação, que se concentra apenas no ex-presidente Bolsonaro, continua a gerar polêmica. A defesa expressou indignação com o valor inicialmente atribuído aos desvios, posteriormente corrigido pela PF, e questionou a competência do Supremo Tribunal Federal para conduzir o caso, defendendo que ele deveria ser tratado pela primeira instância em Guarulhos, conforme manifestação da Procuradoria Geral da República.
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