Um estudo brasileiro constatou que cavalos que tiveram contato com o novo coronavírus desenvolvem anticorpos neutralizantes 20 a 50 vezes mais potentes contra a infecção. Os resultados contribuem para a pesquisa de tratamentos sorológicos em pacientes com a Covid-19.
Os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto Vital Brazil (IVB) farão o anúncio das evidências nesta quinta-feira (13/8), durante sessão da Academia Nacional de Medicina.
Cinco cavalos receberam seis injeções contendo a proteína Spike do novo coronavírus, responsável pela infecção das células humanas. Os cientistas acompanharam os níveis de anticorpos produzidos semanalmente e observaram que os equinos produziram uma resposta imunológica robusta.
Ao tratar e purificar o sangue dos animais para isolar apenas os anticorpos neutralizantes, os pesquisadores viram que eles eram de 20 a 50 vezes mais potentes contra a doença. Quatro cavalos tiveram uma resposta mais alta do que 50. Esse soro poderá ser usado no tratamento em humanos.
Em entrevista ao G1, o pesquisador UFRJ e presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), Jerson Lima Silva, disse que ainda é preciso saber qual é a fase da infecção mais indicada para aplicar os anticorpos neutralizantes em humanos, mas acredita que o tratamento sorológico seja mais eficiente em pacientes em estado moderados e hospitalizado.
Com os resultados, os cientistas aguardam a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para seguir para a próxima etapa da pesquisa, com ensaios clínicos em voluntários humanos para comprovar a segurança da terapia.