Com a aproximação do presidente Jair Bolsonaro ao Partido Progressistas, expoente do Centrão e que pode abrigá-lo para concorrer à reeleição em 2022, e a prática do chamado “orçamento secreto”, revelado pelo Estadão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou que Bolsonaro marca a negação de seu discurso eleitoral, quando se dizia alguém fora da velha política.
Apesar das considerações ao atual governo, Lula admitiu que vê com otimismo a nova proposta de benefício social que prevê o pagamento de R$ 400 por mês aos beneficiários em 2022. Para ele, mesmo que a proposta tenha tom eleitoral, cabe à população avaliar o proveito que o chefe do Executivo quer tirar da iniciativa. “Tô vendo o Bolsonaro dizer agora que vai dar R$ 400 de auxílio. Tem gente dizendo que é auxílio eleitoral, que não podemos aceitar. Não penso assim. O PT defende um auxílio de R$ 600 desde o ano passado. O povo precisa. Ele tem que dar. Se vai tirar proveito disso, problema dele”.
Na visão de Lula, seus governos provaram que “pobre não é problema”, mas, sim, a “solução”. “Quando ele pobre está participando do bolo do Orçamento, na receita construída pela sociedade, esse cidadão vira um consumidor, vira um cidadão de primeira classe, forma um degrau na escala social, pode participar do dinamismo da economia do País”, defendeu.
No entanto, mesmo destacando a recente movimentação do governo sobre a questão social, Lula comentou que o Brasil está sendo governado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que, segundo o ex-chefe do Executivo, não cumpre as metas estabelecidas.
De olho em 2022, com a liderança garantida nas pesquisas eleitorais, Lula reforçou o apelo para que as eleições não sejam priorizadas, uma vez que há o período de um ano até elas ocorrerem. No momento, o petista destacou que devem ser resolvidos os “problemas sociais do Brasil”.
Restabelecendo a promessa feita ao seu eleitorado, o ex-presidente afirmou que, somente no início do ano que vem, deve definir sobre sua candidatura e, então, começar a fazer viagens pelo Brasil. Contudo, Lula disse que, independentemente de qualquer circunstância, ele fará campanha no ano que vem, seja como candidato, cabo eleitoral ou eleitor.