Em uma reunião a portas fechadas com bispos italianos, o papa Francisco afirmou que os que homens gays não deveriam ser autorizados a se tornarem padres, conforme reportagens publicadas na segunda-feira (27) pela imprensa italiana.
Os jornais La Repubblica e Corriere della Sera relataram que o papa usou o termo homofóbico “frociaggine” durante a conversa com membros da Conferência Episcopal Italiana, equivalente à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O Vaticano não comentou oficialmente o ocorrido, que teria acontecido no dia 20.
Bispos entrevistados pelo Corriere della Sera afirmaram que o papa Francisco, cuja língua materna não é o italiano, parecia não estar ciente da gravidade ofensiva da palavra que utilizou. Eles descreveram a situação como uma “gafe evidente” para todos os presentes.
Desde sua eleição pelo colégio cardinalício em 2013, Francisco, 87 anos, tem promovido uma postura mais acolhedora da Igreja em relação aos fiéis LGBTQIA+.
A ação mais notável ocorreu em dezembro do ano passado, quando o papa autorizou a bênção a casais do mesmo sexo e àqueles considerados “em situação irregular”, referindo-se a pessoas em segundas uniões após divórcio. No entanto, Francisco manteve a proibição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A diretriz especificava que a bênção litúrgica para casais homoafetivos não deveria ser confundida com o sacramento do matrimônio. “Essa bênção nunca será realizada ao mesmo tempo que ritos civis de união, nem em conexão com eles, para não gerar confusão com a bênção do sacramento do matrimônio”, dizia o documento.
Foi a primeira vez que a Igreja Católica abriu espaço para a bênção de casais do mesmo sexo, gerando uma forte reação da ala conservadora da instituição, principalmente nos Estados Unidos.
Francisco também fez várias declarações em apoio à comunidade LGBT. Em 2013, durante uma viagem ao Brasil no início de seu pontificado, ele declarou: “Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”.
Em janeiro de 2023, em entrevista à Associated Press, o papa afirmou que a homossexualidade não é crime, embora seja considerada um pecado pela Igreja, e pediu o fim das leis que criminalizam a orientação sexual ao redor do mundo.
“Ser homossexual não é crime”, disse Francisco. “Não é crime. Sim, mas é um pecado. Tudo bem, mas primeiro vamos distinguir um pecado de um crime. Também é pecado não ter caridade com o próximo.”
Na mesma entrevista, o papa reconheceu que líderes católicos em algumas partes do mundo ainda apoiam leis que criminalizam a homossexualidade ou discriminam a comunidade LGBTQIA+. Ele afirmou que esses bispos precisam passar por um “processo de conversão” e devem agir com ternura, como Deus age com cada um de nós.
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