A ONG Foro Penal denunciou uma onda de prisões inocentes na Venezuela, alegando que o governo de Nicolás Maduro está detendo pessoas sem vínculo com protestos políticos.
Alfredo Romero, presidente da ONG, relatou que as detenções incluem um homem surdo-mudo de 29 anos esperando o ônibus, uma cozinheira saindo do trabalho e um adolescente de 15 anos caminhando pela rua, entre outros.
Romero, que atua na defesa de presos políticos na Venezuela há 20 anos, criticou a repressão, que é de tal forma, que nem familiares nem advogados têm acesso aos detidos. “São detenções indiscriminadas, estão prendendo qualquer um que esteja na rua, sem considerar se estão envolvidos em protestos”, disse à Folha Press.
A Foro Penal registrou pelo menos 11 mortes em confrontos com as forças de segurança e 672 prisões, enquanto o Ministério Público de Caracas relatou 1.064 detidos.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a reeleição de Maduro na madrugada de segunda-feira (29), após apurar 80% das urnas. O presidente teria obtido 51,2% dos votos, contra 44,2% de seu principal adversário, González. A oposição contestou o resultado, gerando protestos massivos.
Romero atribui essas prisões à intenção de intimidar e reprimir futuros protestos, afirmando que a situação é uma repetição de ondas anteriores de repressão desde janeiro, quando o regime começou a prender pessoas ligadas à oposição. Entre 26 e 28 de julho, foram detidas pessoas envolvidas com a fiscalização eleitoral, e após 29 de julho, o regime intensificou a prisão de cidadãos comuns não necessariamente envolvidos em manifestações.
O Carter Center, principal observador eleitoral independente do pleito, declarou que o processo eleitoral na Venezuela não pode ser considerado democrático. A entidade americana, que enviou 17 especialistas ao país, foi convidada pelo CNE para observar a eleição.
Romero pede uma intervenção internacional, incluindo pressão do presidente Lula (PT), para cessar as detenções arbitrárias e garantir acesso a advogados e direitos de defesa aos presos. O sistema de denúncias online criado pelo governo venezuelano também é citado como um fator que contribui para as detenções, segundo o ativista.
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