A Secretaria de Estado de Segurança (SSP-AM) registrou até o mês de setembro deste ano o total de 754 homicídios em Manaus. Ainda em setembro, a SSP-AM contabilizou 102 assassinatos, sendo o mês mais violento de 2021, com uma média de três mortes por dia. Ao passo em que “explodiram” os homicídios na capital, a Polícia Civil reduziu o plantão da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), conforme informou o presidente do Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil do Estado do Amazonas (Sinpol-AM), Jaime Lopes.
Segundo Jaime, há aproximadamente um mês, a única delegacia especializada na apuração dos assassinatos conta com o apoio das Centrais de Flagrantes (Distritos Integrados de Polícia/DIP) no horário noturno por conta da redução do quadro de equipe da DEHS. Se antes, a equipe plantonista era montada com a atuação de um delegado, um escrivão e dois investigadores, atualmente, somente dois investigadores da DEHS atuam nas apurações iniciais em local de crime (homicídio). Por isso, os DIPs passaram a apurar também assassinatos além dos diversos crimes que são registrados no cotidiano.
“A legislação diz que em local de crime (homicídio), é necessária a presença de um delegado de polícia. Mas a Delegacia de Homicídios está com o quadro reduzido no plantão e conta somente com dois policiais, que vão até o local de crime fazer as apurações, mas com o apoio de uma Central de Flagrante”, informou Jaime.
O presidente do Sinpol disse que a redução do quadro de policiais nos plantões prejudica as investigações iniciais, sobretudo a elucidação do crime. “Quando a equipe é montada com os investigadores, delegado e escrivão, a apuração no local do fato fica mais ágil, porque a equipe já inicia a busca por testemunhas no local de crime, as oitivas que são de suma importância para elucidação do crime. Mas o que acontece hoje, por exemplo, se ocorrer um homicídio hipoteticamente no bairro Nova Cidade, os policiais da DEHS são acionados assim como os plantonistas do 6o DIP. Toda a área da zona norte é coberta pelo 6o DIP. Quando o perito criminal, a perícia e IML chegam ao local, a legislação impõe que a autoridade policial, no caso o delegado de polícia, esteja presente. Lá, estarão o delegado da central de flagrante, que cobre aquela área, e um investigador da DEHS. O investigador da delegacia de homicídios faz um relatório preliminar”, disse Jaime Barreto, ressaltando que as investigações ficam prejudicadas.
“Mas ele não vai pegar as testemunhas, uma série de situações que têm ali naquele ambiente para levar para a delegacia de homicídios, para que todo aquele fato, aquelas testemunhas sejam conduzidas a tempo porque lá na base da DEHS não tem mais escrivão e delegado. Isso será feito a posteriori, depois de expediente, um fim de semana, feriado, depois de uma interferências. A gente questiona é que em se tratando de investigação de homicídio, esse tempo é extremamente prejudicial porque muitas provas, a testemunha não espera, fica com receio. Muitas coisas acontecem e podem prejudicar ou prejudicarão a elucidação daquele fato”, completou o policial.
Dados
De acordo com a Secretaria de Segurança, foram registrados, em Manaus, 657 assassinatos no ano passado. O número é 14,76% menor se comparada com a quantidade de homicídios contabilizados até o mês de setembro deste ano na capital, o total de 754 mortes.
Se comparar o número de assassinatos ocorridos no mês de setembro, a polícia registrou um aumento de 100%, uma vez que em setembro deste foram registradas 102 mortes, uma média de três mortes por dia; enquanto, em 2020, a DEHS somou apenas 51 homicídios.