O Ministério Público de Goiás ofereceu à Justiça a décima denúncia contra o médium João de Deus pelo crime de violação sexual praticado mediante fraude contra dez vítimas.
A denúncia foi divulgada nesta terça-feira (4), no mesmo dia em que o Superior Tribunal de Justiça determinou o retorno dele à prisão e cassou a liminar que possibilitou a internação médica do autointitulado médium -ele está desde 22 de março em um hospital de Goiânia para tratar de um aneurisma no abdômen.
Segundo a Promotoria, as novas vítimas do religioso relataram que foram violentadas na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). O local ficou conhecido mundialmente por ser um centro espiritual de curas de doenças.
As vítimas disseram que ao final do atendimento, o médium ficava sentado numa espécie de trono aguardando para ter contato com os visitantes. Nesse momento, elas eram obrigadas a ficar ajoelhadas diante de João de Deus que, aproveitando da situação, esfregava a mão das vítimas sobre seu órgão sexual.
Todas as violações atribuídas ao denunciado, segundo a Promotoria, foram praticadas na fila de atendimento da “sala da entidade”.
De acordo com informações da força-tarefa criada pelo Ministério Público de Goiás para monitorar os casos de abusos praticados pelo líder espiritual, as novas vítimas são de São Paulo, Distrito Federal e Paraná.
Figuram ainda como testemunhas outras cinco vítimas, todas mulheres, do Distrito Federal, Goiás e São Paulo, cujos crimes estão prescritos ou sob decadência.
João de Deus responde a oito ações penais por crimes sexuais no Fórum de Abadiânia. Outras duas denúncias contra ele por porte ilegal de armas também estão sob análise da Justiça.
A Promotoria de Goiás informou ainda que está em curso uma ação civil pública para ressarcimento de danos morais às vítimas.
DENÚNCIAS
A primeira denúncia contra o médium, por estupro de vulnerável e violação sexual, foi acolhida pela Justiça em 9 de janeiro deste ano. Dias depois, ele virou réu pela segunda vez por estupro de vulnerável e violência sexual mediante fraude.
Em fevereiro, João de Deus e a mulher dele, Ana Keyla Teixeira Lourenço, viraram réus por posse ilegal de arma de fogo e munições.
As denúncias seguintes também envolvem crimes sexuais, sendo a última protocolada nesta terça pelo Ministério Público de Goiás. Desde o surgimento dos casos, o Ministério Público recebeu ao menos 500 acusações de mulheres contra o médium.