A Netflix tirou do ar o documentário “A Raiz do Problema”, que apresentava uma série de informações falsas relacionando tratamentos de canal com câncer e doenças autoimunes. Questionada pela reportagem sobre a retirada, a plataforma afirmou não ter “nenhum comentário” a fazer.
No final de janeiro, o jornal Folha de S.Paulo mostrou que associações de dentistas e especialistas estavam preocupados com o teor do documentário, que entrou no catálogo da Netflix no início de 2019.
O documentário trazia afirmações polêmicas sobre tratamento de canal: “Se você acha que pode ignorar um dente infectado e tóxico, e não ter consequências sistêmicas, acho que você está se iludindo”.
As declarações, contudo, não eram baseadas em evidências científicas. Além disso, a maior parte dos entrevistados não tinha publicações reconhecidas e não trabalhava na área odontológica. Um deles, inclusive, tem posições antivacinação.
A Associação Americana de Endodontistas (AAE), a Sela (Sociedade Latinoamericana de Endodontia), a Associação Brasileira de Odontologia, o Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo) e especialistas da USP se mostraram preocupados com o teor do filme e os possíveis riscos que a sua exibição na Netflix representava.
“A Associação Americana de Endodontistas considera que a informação apresentada no filme é prejudicial aos pacientes”, afirmou a entidade.
A Folha de S.Paulo, à época da publicação da reportagem, procurou o diretor do filme, Frazer Bailey, que se defendeu afirmando que não era um cientista, mas, sim, um cineasta.
Também houve tentativas de contato sucessivas com a Netflix, que, após pedir mais tempo para responder, disse que não comentaria o assunto.