A médica psiquiatra Nathália Cavalcanti Martins, de 40 anos, e seu ex-amante, o comerciante Vanderlei Cardoso de Oliveira, 47, tornaram-se réus nesta segunda-feira (14) pelo assassinato do sueco Raoul Gerhard Josef Holmlund, marido da médica. A decisão foi proferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), com base na investigação da Polícia Civil que apontou o casal como responsável pela morte.
O corpo da vítima, com sinais de violência, foi encontrado submerso na represa de Coden, em Nova Odessa (SP), no dia 14 de maio de 2024. Sem documentos e com identidade inicialmente desconhecida, Raoul foi sepultado como indigente. A aliança de casamento, com o nome “Nathália” gravado, foi a pista que levou à identificação e à reviravolta no caso.
Raoul e Nathália se casaram em 2018 e mantinham uma relação marcada por idas e vindas entre Brasil e Suécia. A médica chegou a se mudar para a Europa em 2021, mas o casal continuava viajando com frequência. No fim de 2023, passaram o Natal juntos no Brasil.
Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Raoul retornou à Suécia em janeiro de 2024 para vender um apartamento. O dinheiro seria usado para estabelecer uma nova residência para o casal. Antes disso, Nathália pediu que ele reconhecesse legalmente sua filha, de outro relacionamento, como filha dele — pedido que foi aceito.
O relacionamento, contudo, escondia traições e manipulações. Em mensagens resgatadas do celular da médica, a polícia descobriu que ela mantinha relacionamentos paralelos, incluindo um com Vanderlei, e que chegou a organizar encontros entre o marido e o amante, criando uma falsa amizade entre os dois.
De acordo com a Promotoria, a médica se sentia sufocada pela presença do marido e pela forma como ele controlava seus gastos. Em abril de 2023, ela chegou a dizer que queria se separar, mas, logo depois, mudou o discurso.
Já com o plano homicida em mente, Nathália gravou um áudio no celular no qual falava sobre matar Raoul, discutia detalhes financeiros, organizava senhas e cogitava até esconder o corpo em uma geladeira. A médica acreditava que cometer o crime no Brasil garantiria impunidade.
Raoul foi assassinado em 11 de maio de 2024, com pancadas na cabeça e facadas no tórax. Segundo a investigação, Nathália e Vanderlei envolveram o corpo com uma rede, pedras e bobinas de motor — semelhantes às encontradas na casa de Vanderlei — antes de lançá-lo na represa.
A vítima não tinha familiares no Brasil, e seus pais já haviam falecido na Suécia, o que dificultaria sua identificação. O detalhe da aliança de casamento, no entanto, acabou sendo decisivo para a elucidação do crime.
A reportagem tentou contato com as defesas de Nathália e Vanderlei, mas até o momento não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.
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