Uma mulher grávida e seu bebê morreram depois que a Rússia bombardeou a maternidade onde ela deveria dar à luz, apurou a agência Associated Press. Imagens da mulher sendo levada às pressas para uma ambulância em uma maca circularam o mundo, simbolizando o horror de um ataque aos mais inocentes da humanidade.
Em vídeo e fotos tiradas na quarta-feira (9) por jornalistas da AP após o ataque ao hospital, a mulher foi vista acariciando seu abdômen ensanguentado enquanto os socorristas a levavam pelos escombros da cidade sitiada de Mariupol, com seu rosto pálido refletindo seu choque com o que havia acabado de acontecer.
A mulher foi levada às pressas para outro hospital, ainda mais próximo da linha de frente, onde os médicos trabalharam para mantê-la viva. Ao perceber que estava perdendo seu bebê, disseram os médicos, ela gritou para eles: “Me matem agora!”
O cirurgião Timur Marin encontrou a pélvis da mulher esmagada e o quadril descolado. Os médicos fizeram o parto do bebê por cesariana, mas ele “não mostrou sinais de vida”, disse o cirurgião. Então, eles se concentraram na mãe. “Mais de 30 minutos de reanimação da mãe não produziram resultados”, disse Marin no sábado. “Ambos morreram.”
A mulher faz parte de um número de civis mortos na guerra na Ucrânia que a ONU estima em 596, embora tenha dito que “acredita que os números reais sejam consideravelmente maiores”. O governo ucraniano já apontou um número de mortos na casa dos milhares.
A história da mulher ilustra a situação perigosa que as grávidas enfrentam na Ucrânia, onde pelo menos 31 ataques a instalações ou equipamentos de saúde foram documentados pela Organização Mundial da Saúde desde o início do ataque da Rússia, há duas semanas e meia.
De acordo com a ONU, “80.000 mulheres ucranianas devem dar à luz nos próximos três meses, enquanto oxigênio e suprimentos médicos, inclusive para o tratamento de complicações na gravidez, estão perigosamente baixos”.
*Estadão