A mulher baleada na cabeça após conflito nesta quinta-feira (9) entre usuários de drogas e a GCM (Guarda Civil Metropolitana) não resistiu às complicações causadas pelo ferimento e morreu.
Segundo a Santa Casa, local onde a vítima foi levada, a morte foi confirmada por volta das 20h30 desta quinta, poucas horas depois dela entrar no pronto-socorro da unidade.
O Corpo de Bombeiros, que prestou o primeiro atendimento à vítima, disse que ela saiu da cracolândia em estado gravíssimo.
Ela sofreu uma parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. A Santa Casa também atendeu um homem atingido por um disparo na perna direita. Ele passa bem.
Na cracolândia, a mulher era conhecida como Aline, uma jovem usuária de drogas que frequentava o fluxo -local de concentração de usuários na rua- há algum tempo.
Dentro do fluxo normalmente formam-se barracas de lona onde a o crack é vendido e consumido. Um usuário -que afirma vender drogas em uma dessas barracas- contou que viu a mulher ser atingida na cabeça. Ela caiu na hora e foi arrastada por usuários para fora do fluxo. O socorro chegou pouco tempo depois, segundo ele.
A família de Aline, dizem os usuários, é de São Paulo e já teria ido ao local para tentar convencê-la a voltar para casa, sem sucesso.
TUMULTO
Segundo o secretário municipal de Segurança Urbana, José Roberto Rodrigues de Oliveira, a confusão começou no momento em que era feita a limpeza do local e os usuários de drogas tentaram impedir o desmonte de barracas que se espalhavam pela rua.
Usuários ouvidos pela reportagem afirmam que o conflito teve início quando um guarda-civil impediu a passagem para o fluxo de um homem com um prato e um copo na mão.
Ele teria jogado o prato no guarda-civil, que reagiu. Testemunhas contam que uma pessoa, de dentro do fluxo, fez um disparo de arma de fogo na direção dos agentes, que também revidaram com tiros.
Os usuários foram então para a esquina da avenida Rio Branco com a rua Helvétia e o trânsito teve que ser interrompido pela Polícia Militar. Trechos nas avenidas Duque de Caxias e Rio Branco também ficaram interditados, tomados pelo grupo de usuários.
A dispersão na Rio Branco aconteceu após a PM lançar ao menos seis bombas de efeito moral para espalhar os usuários que correram pelas ruas da região. Não há informações de onde partiram os disparos.
Por volta das 17h30 desta quinta, o trânsito de veículos foi liberado nos dois sentidos da avenida Rio Branco. Os usuários que chegaram a se aglomerar na praça Princesa Isabel retornaram para a rua Helvétia, próximo ao local onde o fluxo se concentra normalmente.
Oficiais da GCM organizaram uma fila de usuários para revistá-los um a um na esquina das ruas Helvétia e Dino Bueno. Questionado sobre disparos feitos por GCMs contra o fluxo, o subcomandante Ferreira, da Guarda, afirmou que acionará a corregedoria para apurar a informação.
O caso mais recente de alguém baleado em confronto na cracolândia ocorreu em fevereiro de 2017, quando um fotógrafo de uma agência de notícias foi atingido na perna. Na ocasião, outro fotógrafo também foi alvejado, mas seu aparelho de celular impediu que a bala perfurasse sua coxa.
Três meses depois, um voluntário foi sequestrado na cracolândia enquanto tentava regatar uma usuária de drogas que vivia na região. Seu corpo apareceu cerca de cinco dias depois no Bom Retiro, bairro vizinho, na região central da capital.
*Folhapress