Antes de aterrorizar pais de crianças nas redes sociais, a Momo, como ficou conhecida na internet, era apenas mais uma escultura de silicone do artista japonês Keisuke Aiso, de 46 anos. Em 2016, ela foi exibida numa exposição no Vanilla Gallery, em Tóquio, capital do Japão. Agora, nem existe mais — foi para o lixo. Seu criador disse que ficou perplexo por ter se tornado um fenômeno na web e também se sentiu responsável pelo uso negativo que internautas fizeram da imagem de sua obra.
“Ela não existe mais, não foi feita para durar. Estava desgastada e joguei fora. As crianças podem ter certeza de que Momo está morta. Ela não existe e a maldição se foi”, afirmou ao jornal britânico “The Sun”. “Eu tenho uma criança pequena, então entendo como os pais estão preocupados”.
Fotos da escultura, que fazia parte de uma série batizada de “Aversão”, viralizaram nas redes sociais no ano passado. Inicialmente, internautas compartilharam números de celular de países como México e Japão, dizendo que a Momo enviaria no WhatsApp mensagens macabras e desafios semelhantes ao da Baleia Azul, que provocou uma onda de temor entre pais de adolescentes em 2017. Na época, jovens eram desafiados a cumprirem ações perigosas, que podiam ser fatais. Por isso, quando a imagem da Momo apareceu acompanhada de uma descrição sinistra, gerou uma preocupação coletiva.
No estúdio de Keisuke Aiso, em um prédio de dois andares nos arredores de Tóquio, há diversas outras obras que ele vem criando há mais de 20 anos. Ele administra a pequena empresa Link Factory, sediada na cidade de Tachikawa, responsável por produzir adereços para programas de televisão.
Quando a escultura foi criada, não despertou alarde e ficou guardada no estúdio dele.
“Um vizinho que passava pela rua viu a escultura e disse que quase teve um ataque cardíaco”, lembrou o artista, que passou a receber mensagens de ódio pelo Facebook depois que a imagem da obra viralizou nas redes sociais, dizendo que ele deveria sentir vergonha por ter criado “um monstro tão hediondo”.
Keisuke contou que a escultura acabou ficando tão desgastada que ele decidiu jogá-la fora.
A história do desafio da Momo voltou à tona neste ano por meio de boatos originados no Reino Unido de que vídeos infantis no YouTube estariam com trechos da boneca assustadora ensinando crianças a se suicidarem. O YouTube, porém, negou que haja tal tipo de conteúdo publicado na plataforma. Especialistas pedem que os pais não compartilhem os vídeos com tais mensagens.
“Queremos esclarecer uma coisa sobre o Desafio Momo: não vimos nenhuma evidência recente de vídeos promovendo o Desafio Momo no YouTube”, disse a empresa no Twitter. “Vídeos que incentivam desafios prejudiciais e perigosos são contra nossa políticas”.