Onze dias após a passagem do ciclone Idai, 128 mil pessoas estão em abrigos improvisados em Moçambique, segundo o governo. No país, as estradas que estavam bloqueadas começam a ser reabertas. O número de mortos no país segue em 447, mas as equipes de resgate esperam encontrar mais vítimas em áreas que estavam isoladas.
O ciclone Idai atingiu a cidade portuária de Beira, em Moçambique, com ventos de até 170 km/h na madrugada de 14 de março, e depois seguiu para o Zimbábue e o Maláui. Depois dos ventos, houve vários dias de tempestade. Ao menos 657 pessoas morreram nos três países, segundo a agência Reuters.
O número de pessoas em abrigos improvisados aumentou de 18 mil no domingo (24) para 128 mil na segunda-feira (25), a maioria delas na região de Beira.
Comunidades cerca de Nhamatanda, 100 km ao noroeste de Beira, receberão ajuda pela primeira vez nesta segunda, de acordo com Celso Correia, ministro da Terra e Meio Ambiente de Moçambique. As inundações geradas pela chuva destruíram estradas e bloquearam as chegadas de comida e ajuda para as áreas afetadas.
“Estamos mais organizados agora, depois do caos que tivemos. Entregaremos comida para mais pessoas hoje”, disse Correia,
Em Beira, os sobreviventes buscam alimentos e roupas, enquanto a Cruz Vermelha tenta reunir os membros de famílias separadas. A cidade de 500 mil habitantes continua sem energia elétrica em algumas regiões, o que dificulta o atendimento nos hospitais.
As equipes de emergência conseguiram concluir as obras de reparo na única rodovia de acesso à cidade, que foi parcialmente arrasada pelas águas.
RISCO DE EPIDEMIAS
As pessoas que sobreviveram ao ciclone agora terão de se proteger de uma possível epidemia de doenças transmitidas pela água, em particular a cólera, que pode afetar centenas de milhares de pessoas.
“É inevitável que apareçam casos de cólera e malária”, disse o ministro Correia, que anunciou a criação de um centro de tratamento de cólera.
A Cruz Vermelha anunciou na sexta-feira (22) os primeiros casos de cólera em Moçambique, mas a ONU e o governo de Maputo indicaram que ainda não há casos registrados.
“Teremos doenças transmissíveis pela água”, advertiu Sebastian Rhodes-Stampa, do OCHA (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários). “Mas com centros instalados, seremos capazes de administrar a situação”, completou. Outras doenças que podem se espalhar pela região são dengue, zika e leptospirose.
Apesar das dificuldades, a população tenta retomar a vida normal. Os sobreviventes iniciaram a reconstrução das casas com os poucos recursos à disposição. A catedral Ponta Gea, que escapou ilesa da tempestade, recebeu neste domingo uma missa em homenagem às vítimas.