O consórcio de veículos de mídia criado para a divulgação diária de número de mortes e casos de covid-19 anunciou neste sábado (28.jan.2023) seu fim. Faziam parte do grupo: g1, Estadão, Folha de S.Paulo, UOL, O Globo e Extra.
Os veículos de mídia publicaram por volta de 20h textos parecidos anunciando que não irão mais fazer a divulgação em conjunto, depois de 965 dias. O grupo disse ter encerrado “sua missão de garantir a transparência sobre o impacto do coronavírus e da vacinação”.
Embora o consórcio tenha afirmado ao longo desses 965 dias que era realizada uma apuração em conjunto e independente com profissionais dos 6 veículos, na realidade, o grupo dependia dos dados do Ministério da Saúde como qualquer outra publicação que divulgavas as exatas mesmas informações. Quando o sistema do governo federal apresentava problemas, impactando a maioria dos Estados, o consórcio ficava vendido e era evidente que não havia nenhum tipo de apuração independente.
Foi o que aconteceu durante o apagão de dados que se seguiu por mais de 1 mês depois de um ataque hacker de 10 de dezembro de 2021. Vários Estados, como São Paulo, não conseguiram acessar os sistemas federais para obter as informações de seus próprios municípios. Com isso, começaram a ter problemas para reportar novos casos e mortes por covid.
É uma situação esdrúxula. Os Estados precisam que as suas cidades coloquem as informações no sistema federal –pois não têm um sistema próprio para receber esses dados. Só depois, cada secretaria estadual de saúde busca essas informações já consolidadas em Brasília e faz a divulgação localmente. Em suma, ao buscar os dados no Ministério da Saúde ou em cada uma das 27 secretarias estaduais de saúde encontra-se as mesmas estatísticas.
Por causa dessa dependência dos Estados em relação ao Ministério da Saúde, para ter um sistema verdadeiramente independente, o agora extinto consórcio de veículos de mídia precisaria ter ido diariamente e diretamente a cada uma das mais de 5.000 cidades para ter as informações. Isso nunca foi feito, embora ao divulgar suas estatísticas esse detalhe não ficasse claro para leitores, ouvintes e telespectadores que consumiam os dados. Ficava-se com a impressão de que esses veículos do consórcio estavam atuando de forma 100% independente do governo federal. Isso nunca foi verdade.
O consórcio nunca conseguiu obter as informações de maneira independente exatamente porque a maioria dos Estados também dependia das informações que eram compiladas pelo governo federal.