Uma criança indígena de nove anos testemunhou o estupro da mãe e o assassinato dela e do pai em uma aldeia indígena Bororó, em Dourados, a 214 km de Campo Grande (MS), na noite da última sexta-feira (7).
De acordo com as informações da Polícia Civil, o menino subiu em uma árvore após ver os crimes e passou a noite nos galhos por mais de oito horas para fugir dos dois suspeitos dos crimes.
Os corpos de Osvaldo Ferreira, 38, e Rosilene Rosa de Pedro, 33, foram encontrados após o garoto relatar o que houve no dia seguinte a uma professora.
Os dois suspeitos foram presos pela Polícia Civil no dia seguinte ao crime. Segundo o delegado Rodolfo Daltro, que investiga o caso, a detenção da dupla contou com o apoio de lideranças indígenas locais. Ambos, que também são da etnia Bororó, não têm defesa constituída e deverão ser assistidos pela Defensoria Pública do Estado.
Enquanto via televisão, o menino testemunhou o pai sendo assassinado, de acordo com a investigação. Em seguida, os suspeitos estupraram a mãe. Quando a criança percebeu que ela seria assassinada, fugiu e se escondeu. O garoto passou a noite toda – cerca de oito horas – na árvore. O menino ficou em estado de choque durante e após os crimes, disse o delegado.
Ele só sobreviveu por ter fugido. Ele não conseguiu falar sobre isso na hora em que localizamos os corpos, estava em choque. Depois, conversamos com lideranças indígenas. Eles conversaram com a criança e ela deu um dos apelidos [dos suspeitos]. Por esse apelido nós chegamos aos autores.
Em seguida, o menino narrou os acontecimentos a pessoas próximas. “A criança ouviu tudo em estado de choque. O pai foi morto na frente dela, a mãe foi estuprada na frente dela. Quando a mãe começou a gritar, ele fugiu”, relatou Daltro.
Em depoimento, um dos suspeitos disse aos policiais que “a gente iria ver o que fazer com ele [a criança de nove anos] depois”. “A brutalidade e a questão deles pouco se importarem com a criança foi impressionante. Eles foram extremamente violentos e frios ao relatarem os detalhes do crime”, explicou o delegado.
Os dois suspeitos responderão por estupro e duplo homicídio qualificado, sendo que um deles também é suspeito de ter cometido outro homicídio na região dias antes do ataque contra a família em Dourados.