Um menino de 12 anos morreu após ser baleado na noite de sábado (16) na comunidade da Chatuba, em Mesquita, cidade da Baixada Fluminense que fica a cerca de 38 km do Rio de Janeiro. Policiais militares faziam uma operação no local naquele momento.
Kauan Peixoto foi atingido no abdômen, na perna e no pescoço. Ele foi transferido ainda com vida para o Hospital Geral de Nova Iguaçu, também na mesma região, e chegou a ser levado a uma cirurgia de emergência, mas não resistiu.
As circunstâncias da morte ainda não foram esclarecidas. A família de Kauan diz que não estava havendo tiroteio na hora da ocorrência e que quem disparou foram os policiais. Já a PM afirma que o garoto foi encontrado baleado pelos agentes.
O menino não morava naquela favela, mas visitava o pai ali a cada 15 dias. Ele estava indo comprar um lanche com o irmão em um bar próximo quando foi atingido.
Um parente de Kauan que não quis se identificar disse ao “Bom Dia RJ”, da TV Globo, que pessoas presentes contaram ter visto os agentes indo na direção dos moradores. Quem estava na rua, diz, evacuou, mas o menino ficou parado.
“A Blazer [viatura] chegou, parou na esquina e [um policial] já desceu atirando em direção a ele. Um tiro pegou no abdômen. Aí ele caiu encostado no muro. O policial se aproximou, e ele falou ‘pô, sou morador’. Deram um tiro na perna dele e depois algemaram ele. É o que o pessoal conta”, afirmou.
Depois, os policiais teriam pegado o garoto pela bermuda e pela blusa e o colocado dentro do veículo, onde ele ainda teria sentado. Outros agentes, segundo os relatos, teriam recolhido as cápsulas que caíram no chão.
A família diz que, apesar de o bar estar cheio naquela hora, nenhum morador contou ter visto Kauan sendo atingido no pescoço. A mãe, Luciana Pimenta, afirmou ao telejornal que só ficou sabendo desse terceiro tiro no hospital e questionou quando ele teria sido disparado.
Os relatos vão de encontro à versão da PM, que diz que Kauan foi encontrado já baleado e caído no chão, atrás de onde os policiais estavam, e portanto fora da linha de tiro. Os agentes socorreram o menino e o levaram ao hospital.
A corporação afirmou que agentes do 20º batalhão faziam um patrulhamento naquela rua por volta das 22h30 de sábado quando foram atacados por criminosos, o que causou um confronto sem feridos ou mortos.
Na ação, informou ainda, foram apreendidas 288 trouxinhas de maconha, 235 pedras de crack, 362 cápsulas de cocaína, 3 rádios e R$ 98 em espécie. Questionada, porém, a polícia não respondeu sobre as acusações da família.
Na noite deste domingo (17), moradores da comunidade da Chatuba fizeram um protesto, queimando objetos e bloqueando uma das ruas da favela.