O que era para ser um belo domingo de sol acabou com o filho da empresária Carla Chaves mordido por piranhas na Praia do Japonês, balnerário particular localizado no quilômetro 30 da rodovia Manoel Urbano, AM-070, que liga Manaus a Manacapuru. Na ocasião, segundo ela, outras pessoas também foram atacadas.
Carol conta que, no último domingo (27), estava com o marido e os dois filhos na beira da praia quando, por volta das 15h30, o seu filho mais velho, Enzo, de 11 anos, foi mordido por piranhas nos dois pés.
‘’Foi desesperador. Ele estava sangrando muito quando foi retirado das águas por outros banhistas. Vi que outras três pessoas também foram atacadas. Todos foram pegos de surpresa, pois não havia placa na praia avisando sobre a possível presença de piranhas no local’’, relatou.
Carol conta que, após os ataques, os banhistas começaram a gritar para as pessoas saírem das águas e avisar outros visitantes sobre o perigo. ‘’Na hora pegaram gelo pra estancar o sangue. Depois o proprietário do local apareceu e nos levou até nosso carro porque o Enzo não podia andar. Nos forneceram antisséptico e um curativo. Imediatamente, levamos meu filho ao hospital em Manaus, onde ele pegou ponto em um dos pés. No outro um pedaço do dedo foi arrancado, um trauma para uma criança’’, contou ela.
‘’Eu acho que a administração da praia tinha o dever de alertar as pessoas que visitam o lugar, porém ficam calados e omitem o que está acontecendo’’, criticou.
Especialistas explicam
A pesquisadora Lúcia Helena Rapp, curadora da Coleção de Peixes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), explica que ataques de piranhas a banhistas não são comuns, porém, o aumento do número de banhistas, somado ao descarte de alimento nas águas, pode atrair diversos animais, inclusive piranhas.
‘’Sangue pode atrair esses peixes, sim, mas, para isso, eles devem estar concentrados em volume de água pequeno, como lagos em várzea. No geral, pedaços de peixe, carne ou frango podem atrai-los mais que sangue. Detalhe que o rio nem está tão seco assim. Em áres de lagos de várzea, quando as águas baixam muito, a quantidade de piranhas concentradas nesses locais é preocupante’’, explicou.
‘’Os peixes, de maneira geral, caçam mais a partir do horário vespertino (início da noite). As piranhas, em especial, podem se alimentar o dia inteiro, mas é bom evitar mergulhos no fim da tarde’’, orientou.
Segundo o professor doutor Edinbergh Caldas, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), os ataques de piranhas são raros, mas acontecem quando há qualquer alteração no habitat natural delas, como a descida das águas, barulho, sangue e até mesmo urina.
‘’Em áreas de balneários, onde as pessoas jogam restos de comidas e deixam suas secreções corporais, existe uma tendência a atrair esses animais’’, esclareceu ele, que é especialista em ecologia dos peixes amazônicos.
‘’Esse peixe tem uma mordida extremamente forte, e seus dentes serrilhados rasgam a carne das presas com facilidade. Até mesmo por uma questão de escassez de alimento, são nos lagos que as piranhas podem atacar mais’’, explicou. As informações são do site *Acrítica.