Mais de 200 desaparecimentos de pessoas foram registrados em delegacias da Polícia Civil no Amazonas, entre janeiro e março de 2019, conforme dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM). No final de maio, a SSP e o Ministério Público do Estado (MPE) firmaram um termo de parceria para troca de informações entre os órgãos, com o objetivo de facilitar buscas.
Na capital, o registro de pessoas desaparecidas, acima de 18 anos, pode ser feito em qualquer Distrito Integrado de Polícia e é investigado, especialmente, pela Delegacia Especializada em Ordem Polícia e Social (Deops). Casos envolvendo crianças e adolescentes devem ser registrados na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA).
Segundo as estatísticas da SSP-AM, o mês com maior número de notificações de desaparecimentos foi março, com 74 registros no total. De acordo com a titular da Deops, delegada Catarina Saldanha, o perfil dos desaparecidos não segue um padrão, sendo registrados casos envolvendo jovens, idosos, homens e mulheres, nas mais variadas faixas etárias e níveis sociais.
Das 202 pessoas desaparecidas nos últimos três meses, 122 foram homens e 80 mulheres. Entre os homens, os desaparecimentos aconteceram, em sua maioria, com pessoas em idade de 18 a 24 anos e 35 a 64 anos. Já entre as mulheres, os desaparecimentos ocorreram principalmente entre pessoas de 18 a 24 anos.
Motivos variados – A delegada explica que, em muitas situações, as pessoas saem de casa sem avisar, seja por insatisfação pessoal ou por conflitos familiares. “Temos casos de pessoas que, por conta da orientação sexual, entram em conflito com a família, passam a ser hostilizados e decidem sair de casa sem avisar para onde. Também tem aqueles homens, ou mulheres, que simplesmente estão insatisfeitos com a vida e resolvem sumir”, exemplifica.
Ela dá como exemplo a história de uma professora que um dia não voltou mais para casa. O marido registrou o desaparecimento e, meses depois, a equipe do Deops descobriu, após contato da polícia de outro estado, que ela estava morando em outra cidade. O caso só foi desvendado porque a mulher tentava alugar um apartamento, e os locatários, ao pesquisarem o nome dela na internet, encontraram um anúncio de desaparecimento da Polícia Civil.
Catarina destaca que idosos e pessoas com algum tipo de deficiência mental ou problemas psicológicos também costumam figurar entre os desaparecimentos investigados pela especializada. Ela alerta para a importância de sempre se estar de posse de alguma identificação.
“Sem documentos não somos nada. Por isso é importante portar algum documento para nos identificar”.
Outro motivo de boa parte dos desaparecidos, segundo a titular, está relacionado ao envolvimento dessas pessoas com o tráfico de drogas e o crime organizado.
Denúncias – A delegada Catarina Saldanha faz questão de ressaltar que, em caso de desaparecimentos, não é preciso esperar para procurar a polícia. “A partir do momento que a pessoa percebeu o desaparecimento, ela pode nos procurar para realizar o Boletim de Ocorrência e iniciarmos as investigações. Não é preciso esperar 24h ou 48h”.
Ela também destaca que, ao procurar a delegacia para realizar a denúncia, é importante levar uma foto recente da pessoa, além de fornecer o máximo de informações sobre o desaparecido, uma vez que a partir desses dados é montado um perfil da pessoa e são iniciadas as investigações.
Segundo a delegada, a participação da população também é muito importante no fornecimento de informações que levem ao paradeiro dessas pessoas. Por isso, ela reforça a necessidade das denúncias, que podem ser anônimas, pelos telefones 181, da Secretaria de Segurança; Disque 100, e da própria Deops, pelo (92) 3656-8575.
A Deops fica no prédio da Delegacia Geral, na avenida Pedro Teixeira, 180, Dom Pedro, zona centro-oeste. O horário de funcionamento da especializada é das 8h às 17h, sem intervalo de almoço, de segunda a sexta-feira. Após as 17h, finais de semana e feriados, as denúncias podem ser feitas em qualquer delegacia.