A fabricante de cimento franco-suíça LafargeHolcim contratou o Banco Itaú BBA para assessorar a venda de sua operação no mercado brasileiro, segundo a agência de notícias Bloomberg.
A transação poderia chegar a US$ 1,5 bilhão (R$8,5 bilhões) , de acordo com executivos ouvidos pela agência.
Maior empresa de seu setor, a LafargeHolcim tem 1.400 funcionários no Brasil e 90 mil no mundo.
De acordo com a Bloomberg, o movimento faz parte de ação da LafargeHolcim de vender ativos para diminuir sua dívida. A empresa tem se concentrado em cortar atividades fora da Europa e vendeu unidades em países como Indonésia, Malásia e Filipinas.
A decisão da empresa vem em um momento em que o mercado da construção mantém resultados positivos no Brasil, apesar da pandemia e da crise.
Segundo o Snic (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), o setor cresceu 19% no primeiro trimestre de 2021, na comparação com igual período do ano passado. A entidade afirma que foram vendidas 15,3 milhões de toneladas no trimestre, 5,5 milhões em março, mês que registrou alta de 34,6%.
O sindicato considera que a alta reflete boas condições climáticas, manutenção das obras programadas e construções feitas pelos próprios donos ou moradores. Mesmo assim, fala que o cenário é de incertezas, por causa do fechamento das lojas provocado pela pandemia e a queda na renda.
José Eduardo Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), disse à Folha que uma saída da empresa seria inesperada, pois o setor passa por momento de pico de vendas.
O dirigente afirma que a empresa permaneceu no país em períodos muito difíceis para o setor. Por isso chama atenção sua intenção de sair aparecer em momento em que o mercado está favorável em termos de vendas e rentabilidade.
A LafargeHolcim já havia vendido ativos no Brasil, junto a mais unidades em outros países, para o grupo irlandês CRH, para cumprir com obrigações concorrenciais.
Procurada, a empresa disse que não iria comentar.
O anúncio se soma ao da Sony, que anunciou o fechamento de sua unidade em Manaus (AM), e da Ford, que decidiu encerrar todas as atividades fabris no Brasil ainda neste ano.
A LG, após anunciar o encerramento de sua divisão de smartphones globalmente, colocou sua planta em Taubaté (SP) à venda.