Laudos médicos encomendados pela defesa do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus — que está preso preventivamente desde 16 de dezembro, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia — atestaram que ele enfrenta sérios problemas de saúde, como perda de memória, de peso e uma depressão grave que o levou a pensar em se matar.
Os documentos, assinados por um médico e por um psiquiatra que o examinaram em 22 de fevereiro, foram revelados pela revista Veja e obtidos por O GLOBO. A defesa de João de Deus os encomendou para tentar conseguir sua liberdade ou ao menos uma transferência para um hospital.
O médium está preso sob a acusação de assediar mulheres que procuravam atendimento em seu centro espiritual em Abadiânia (GO). Ele já teve pedidos de soltura negados tanto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos motivos alegados para sua prisão preventiva foi o risco de fuga, porque ele mantinha grande quantia em dinheiro guardada em casa.
Um dos responsáveis pelo laudo, o psiquiatra Leo de Souza Machado, escreveu que João de Deus “só não cometeu suicídio pois ainda tem sua filha pequena e não quer morrer sem voltar a vê-la, além de não querer ‘contrariar a Deus’”, segundo a reportagem da Veja.
O laudo também diz que “o paciente mostrou-se com higiene precária, cabelos desarrumados, barba grande e descuidada, halitose sugerindo ausência de escovação dentária regular, trajava uniforme da unidade onde está recolhido e este estava sujo e com manchas de urina”.
A falta de higiene tem se refletido na saúde do médium, que já teve infecção urinária e diarreia. O psiquiatra diz que o médium “deve ser hospitalizado, sob risco de negligência médica”.
Segundo a reportagem, desde que foi preso, João de Deus perdeu 17 quilos e só dorme com a ajuda de medicamentos.
Ouvido pela revista, o médium afirmou que sua rotina na cadeia tem sido “muito dura”, mas que tem sido bem tratado por todos, “dos presos aos guardas”. Ele também voltou a reafirmar sua inocência: “Não pratiquei nenhum abuso contra ninguém”.