Um servidor branco e de olhos verdes que pintou o rosto e usou lentes de cor escura para conseguir uma vaga destinada à cota para pretos e pardos em um concurso do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) foi demitido pelo órgão.
Lucas Soares Fontes estava lotado na gerência executiva do órgão em Juiz de Fora, a 273 km de Belo Horizonte, respondia a processo administrativo sobre o caso e foi exonerado em 24 de maio.
O processo administrativo foi instaurado após uma denúncia anônima, que afirmou que Lucas “utilizou de declaração falsa para concorrer à vaga reservada a cota de negros para ingresso no INSS, tendo em vista ser branco de olhos verdes”.
Conforme o órgão, cabia ao Cebraspe, banca contratada para a organização do concurso público, verificar os candidatos que se autodeclararam pretos ou pardos. À época, a verificação foi feita por uma foto tirada por Lucas Fontes Soares e encaminhada à banca.
A imagem foi analisada pela Coordenação de Desenvolvimento de Carreiras do órgão, que observou “tonalidade branca na parte inferior do braço e escura na superior, parecendo que havia passado uma maquiagem mais escura sobre a pele, de forma que manchou a camiseta do candidato”.
Segundo o processo, a fotografia foi encaminhada ao setor que deu posse a Lucas Soares Fontes, “que informou que a pessoa que tomou posse era diferente da fotografia apresentada na inscrição pelo candidato”.
Em sua defesa, Lucas Soares Fontes encaminhou ao órgão documentos como certidão de nascimento em que consta cor parda, ficha de inclusão de estágio, relação de candidatos classificados por curso na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), no Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais, como cotista. No entanto, o Cebraspe afirmou que analisa não somente a autodeclaração, mas também o fenótipo (características físicas) do candidato.
A reportagem entrou em contato com o Cebraspe e tenta contato com o ex-servidor Lucas Soares Fontes.