Menos de um ano e meio após o fim da missão de paz da ONU, que durou 13 anos e era comandada pelo Brasil, o Haiti volta a enfrentar uma forte onda de violência política.
Dezenas de milhares de pessoas têm saído às ruas nos últimos dez dias para protestar contra o presidente Jovenel Moise. Os manifestantes querem a renúncia do presidente. A imprensa local fala em diversos mortos e feridos em decorrência da violência, porém não há números oficiais. A agência de notícias France Presse informou que pelo menos sete pessoas morreram desde o início dos protestos.
A distribuição de alimentos, combustível, água potável e medicamentos está sendo prejudicada por bloqueios em ruas e estradas feitos por grupos armados.
Em nota publicada na internet na última quinta-feira, 14, a Embaixada do Brasil em Porto Príncipe desaconselhou viagens ao Haiti. A representação também recomendou que brasileiros que vivem no Haiti estoquem alimentos e água e evitem sair de casa. O comunicado diz ainda: “caso o brasileiro não esteja seguro de que é possível garantir quaisquer das condições acima, recomenda-se sair do país tão logo possível”.
Os protestos têm sido desencadeados pelas crescentes dificuldades econômicas do Haiti. As manifestações contra o presidente também contam com o apoio de líderes oposicionistas, estudantes e outros segmentos da sociedade, além de grupos armados.
Em pronunciamento à TV na última quarta-feira, 13, o presidente Jovenel Moise, que assumiu o poder em 2017, afirmou que não entregará o país a “gangues armadas e traficantes de drogas”. Moise disse, ao mesmo tempo, que escutou “a voz do povo”, que conhece “os problemas que os atormentam” e que “é por isso que o governo tem adotado medidas [contra a miséria]”.
Trata-se da terceira onda de protestos contra o presidente do Haiti nos últimos meses.