Um grupo de pelo menos sete estudantes de Manaus teve problemas de saúde relacionados à infecção bacteriana em Parintins. O grupo, formado por estudantes da área de comunicação de diferentes instituições de ensino superior da capital, estava na cidade para participar do XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte (Intercom) e relatou que o mal estar teve início após o consumo de água na ilha.
“Algumas pessoas já haviam nos avisado sobre a água tratada em Parintins, que não seria boa para consumo. Viemos de barco, chegamos no domingo de manhã e passamos o resto do dia bem, mas na segunda-feira as pessoas, inclusive eu, começaram a passar muito mal. Compramos remédios, mas teve gente que precisou ser levada ao hospital”, relata o estudante Davi Paula, aluno do oitavo período do curso de Publicidade e Propaganda.
Ainda segundo o estudante, o problema começou após o grupo consumir alimentos preparados com água. Entre as principais queixas estão diarreia, náuseas, febre e dores abdominais. “Uma amiga do grupo precisou voltar para Manaus antes do previsto por passar muito mal a ponto não conseguir aguentar mais ficar”, conta Davi.
Uma das pessoas que precisou de atendimento médico foi a estudante de jornalismo Íris Brasil. Ela conta que os transtornos começaram logo no primeiro dia na Ilha. “A noite, uma amiga começou a ter um grande incômodo na barriga, sentindo pontadas. Na madrugada de terça tive calafrios, tremi muito e comecei a passar muito mal. Fiquei com febre e precisei ir ao hospital onde o médico disse que eu estava com intoxicação”, conta.
Ela ainda revela que já tinha ciência da situação da água em Parintins e que ainda tentou se precaver. “Cheguei a trazer cinco garrafas de água lacradas de Manaus até para escovar os dentes, mas acabou e precisei usar a água da torneira”, diz a estudante
Histórico
Recentemente, um estudo desenvolvido por alunos do mestrado em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) no município, revelou o alto potencial Hidrogeniônico (pH) da água tratada. Os pesquisadores verificaram também contaminação por alumínio e chumbo em sete dos vinte e oito poços do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parintins (Saae).
Segundo o diretor do Saae, Nelson Campos, os elementos identificados na água são oriundos do solo, o que para ele não caracteriza como contaminação. O diretor ainda garante que os casos relatados não tem relação com a água distribuída pela Saae.
“Assim que soubemos das queixas entrei em contato diretamente com o Secretário de Saúde e apuramos que não existem indícios de que a água foi a culpada pelo mal estar. Foi detectada sim a presença de alumínio em uma quantidade oito vezes maior que o limite permitido em alguns poços e o IPAAM assumiu o compromisso de nos ajudar com a solução, mas é importante lembrar que ela pode causar apenas problemas neurológicos e a longo prazo”, afirma.
Ainda de acordo com o diretor, os estudos apresentados pelos estudantes da UEA apresentaram divergência em comparação aos desenvolvidos pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM). Um novo estudo realizado em conjunto entre as duas instituições e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) deverá ser realizado em breve.
“Em 2005 o CPRM apresentou um estudo que detectou problemas na água e essa discussão foi retomada em 2018. Na época, eles apresentaram apenas o problema e para esse novo estudo exigimos que eles apresentassem também uma solução. É algo que precisa ser discutido e o prefeito Bi Garcia determinou que todas as secretarias trabalhem em conjunto para que possamos trazer melhorias para Parintins”, conclui Nelson.