A capital amazonense vai contar, até o próximo ano, com um moderno sistema de tratamento de esgoto sanitário que vai alcançar bairros das zonas sul e oeste. Trata-se da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no bairro de Educandos, zona sul de Manaus, atualmente em construção, com o objetivo de fazer a correta captação da água que sai das casas, a fim de melhorar o abastecimento nessas localidades e reduzir o índice de poluição nas águas do rio Negro. A obra é coordenada pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da Região Metropolitana (SRMM) e da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) e vem sendo executada nos bairros de Aparecida, Centro, Presidente Vargas, Glória, Santo Antônio e São Raimundo.
O sistema é composto por redes de coleta, que são interligadas nas residências desses bairros. A água captada tem como destino as seis elevatórias de esgoto, que são uma espécie de estação de tratamento, distribuídas nos seis bairros. Essas elevatórias são responsáveis pelo envio de resíduos, provenientes de processos industriais e da rede de esgoto, chamados de efluentes, até seu destino final, que será a ETE Educandos.
“Essa estrutura da ETE vai trazer inúmeros benefícios para a vida de nossa população. Estamos executando uma obra que vai colaborar para um bom tratamento da água e, consequentemente, para a preservação do meio ambiente. O foco principal é reduzir a poluição do rio e fazer com que as famílias tenham água tratada e com menos riscos de doenças causadas pela degradação ambiental”, explicou o coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), Marcellus Campêlo.
Marcellus ainda afirma que um trabalho de sensibilização vem sendo realizado gradativamente com os comunitários sobre a construção da ETE. “Temos realizado um importante trabalho de sensibilização com os moradores das áreas que recebem essas intervenções da obra para que possam compreender acerca de toda essa construção”.
A previsão da conclusão da obra e de sua operação completa está prevista para 2020. Inicialmente, 200 litros de esgoto serão tratados por segundo, para posteriormente tratar 300 litros por segundo. A obra faz parte do Programa de Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim) e tem os recursos financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento de Desenvolvimento (BID) e Governo do Estado, na ordem de R$ 36.539.433,08.
Extensão – As redes de esgotamento sanitário construídas nos bairros citados terão um total de 24 quilômetros. A execução já ultrapassa os 53%, o que representa a construção de 12,9 quilômetros, sendo três redes na margem direita e seis na margem esquerda. A principal finalidade da rede de esgotamento é levar os efluentes até as elevatórias distribuídas nas nove sub-bacias às margens do Igarapé do São Raimundo.
As seis estações elevatórias de esgoto serão responsáveis por receber os resíduos das redes de coleta dos esgotos das residências. Essas elevatórias são compostas por modernas bombas que farão o bombeamento desses efluentes até à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).
Estrutura – As seis elevatórias estão em construção e são divididas em seis bairros: a Estação Elevatória 4 estará localizada no bairro da Glória; Elevatória 5, no bairro São Raimundo; Elevatória 6, no bairro Aparecida; Elevatória 7, no bairro Presidente Vargas, Elevatória 8, no Parque Castelhana, e Elevatória 9, no Parque Belchior, localizadas nos bairros Presidente Vargas e Aparecida, respectivamente.
A maior Estação Elevatória de esgoto será a de número 6, localizada no final da rua Ramos Ferreira, no bairro Aparecida. Essa estação será a responsável pelo envio de 110 litros por segundo de resíduos para a estação, que irá realizar o tratamento desse esgoto antes de enviar ao emissário.
Mudança de estrutura – A construção e adequação da moderna Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Educandos, na margem do rio Negro, vem modernizar uma Estação de Pré-condicionamento (EPC) que existia desde a década de 1970, localizada em uma área de 2.373,58 m², na rua Boulevard Sá Peixoto, esquina com a rua Manoel Urbano, no bairro Educandos, zona sul.
O tratamento que era realizado pela EPC consistia em basicamente remover os materiais sólidos e flutuantes, como lixos, plásticos e dejetos para, posteriormente, fazer o lançamento desse esgoto.
Benefícios da ETE – A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Educandos é uma das mais modernas do país e utiliza tecnologia de ponta no tratamento dos efluentes enviados pelas elevatórias de esgoto.O tratamento realizado pela ETE iniciará com a chegada do esgoto até à estação, onde os resíduos sólidos precisam ser removidos por meio de diversos processos.
O engenheiro civil responsável pelo projeto da ETE Educandos, Francisco José Vela, afirma que o projeto está situado em uma área residencial e foi todo adaptado ao terreno que já existia com a EPC. “A tecnologia utilizada na ETE Educandos foi desenvolvida na Noruega e é utilizada em vários sistemas de tratamento de esgoto em áreas residenciais por todo mundo, sendo a mais utilizada nessas estações de esgoto de condomínios e hospitais nas metrópoles”, afirma ele.
O engenheiro explica também que a tecnologia pela qual o tratamento dos efluentes irão passar é de baixo ruído e odor, evitando qualquer impacto ambiental aos imóveis vizinhos.
Impactos ambientais – O projeto de construção da ETE segue a legislação ambiental vigente e foi toda implantada de acordo com o Plano de Controle Ambiental (PCA) e pelo Sistema de Gestão Socioambiental (SGSA), que visa minimizar os impactos ambientais. O Plano de Controle Ambiental PCA é um plano gerencial para o monitoramento das atividades, contendo todas as diretrizes ambientais a serem seguidas, durante a implantação até a execução final do projeto.
O objetivo geral do PCA é operacionalizar, por meio de um sistema de Gestão Ambiental, e assegurar que a ETE Educandos seja construída e opere em condições de segurança evitando danos ambientais às áreas de trabalho, assim como no seu entorno e as comunidades próximas. A ETE Educandos possui todas as licenças ambientais necessárias para sua construção e operação.
O Sistema de Gestão Socioambiental (SGSA) é um sistema criado em 2012 por especialistas ambientais e monitorado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e cria uma série de procedimentos que têm por objetivo garantir a segurança ambiental e social em todas as etapas da execução do projeto.
O subcoordenador Ambiental da UGPE, o engenheiro florestal Otacílio Junior, afirma que o SGSA é criterioso e estabelece uma série de procedimentos ambientais. “A execução do projeto obedece aos procedimentos desde a demolição, assim como as mais variadas ações que porventura perturbem o meio ambiente. A operação do sistema visa uma gestão mais aprimorada e um maior controle ambiental diminuindo assim os impactos socioambientais no contexto geral”.