O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, 47, foi preso pela polícia britânica na manhã desta quinta-feira (11) na embaixada do Equador, em Londres, no Reino Unido. Ele estava asilado no local desde 2012.
Assange e o Wikileaks foram responsáveis por um enorme vazamento de documentos confidenciais do governo dos EUA em 2010. Em 2012, Assange se refugiou na embaixada do Equador em Londres.
Após a prisão, o ministro britânico do Interior, Sajid Javid, agradeceu a cooperação do país sul-americano e disse que “ninguém está acima da lei”.
Assange é alvo de um mandado internacional de prisão emitido em novembro de 2010 pela Suécia, onde ele responde por abuso sexual.
Um vídeo divulgado pela agência estatal russa RT mostra o momento da prisão.
Detido em dezembro de 2010 na Inglaterra, Assange foi liberado alguns dias depois mediante pagamento de fiança, mas não conseguiu reverter o processo de extradição. Como último recurso, buscou refúgio na representação diplomática equatoriana.
O temor de Assange era que as autoridades suecas acabassem entregando-o aos Estados Unidos, onde o programador australiano é persona non grata por ter revelado centenas de documentos secretos do governo, incluindo comunicações sobre as campanhas americanas na guerras do Afeganistão e do Iraque.
A indisposição do governo equatoriano com o fundador do WikiLeaks vinha se acentuando nos últimos meses. Segundo o jornal inglês Guardian, o hóspede não podia receber visitas ou acessar a internet desde março.
No começo de abril, o presidente do Equador, Lenín Moreno, disse a rádios de seu país que Assange havia violado repetidamente os termos de seu asilo na embaixada. “Ele não pode mentir, e menos ainda hackear contas ou telefones celulares particulares”, afirmou, lembrando que fotos de seu quarto e de sua família haviam sido publicadas em redes sociais -mas sem acusar nominalmente o australiano por isso.
Moreno também afirmou que o programador não podia “intervir na política de outros países, quanto mais na de países amigos”.
Recentemente, o WikiLeaks publicou informes sobre os chamados Papéis Ina, que apontam para um esquema de corrupção ligando Moreno a uma empresa offshore no Panamá. O presidente nega qualquer malfeito.
A polícia metropolitana de Londres, que realizou a prisão, disse que foi chamada pelo embaixador do Equador, após o pais retirar o asilo que protegia Assange.
O presidente do Equador disse que pediu ao Reino Unido garantias de que o fundador do Wikileaks não seja deportado para um país onde possa ser alvo de tortura ou de pena de morte.
“O governo do Reino Unido confirmou isso por escrito, de acordo com suas regras”, afirmou Moreno.
Assange foi levado para uma delegacia do centro de Londres, onde aguarda a realização de uma audiência de custódia com um juiz.
Para o Wikileaks, a retirada do asilo foi feita de forma ilegal e representa uma violação da lei internacional.
O governo da Rússia disse esperar que os direitos de Assange não sejam viiolados.
Assange vivia na embaixada equatoriana para evitar ser detido e extraditado para a Suécia, onde era investigado por abuso sexual. O processo foi arquivado pela Justiça sueca, mas as autoridades britânicas ainda buscavam prendê-lo.
O fundador do Wikileaks nega as acusações e diz ser perseguido por ter vazado milhares de documentos revelando práticas espúrias de governos ao redor do mundo, em especial os Estados Unidos.
Em novembro, o Wikileaks disse que Assange estava sendo processado de forma secreta pelos Estados Unidos. O governo norte-americano não confirmou a informação.
Assange é elogiado por muitos grupos por ter exposto casos de abusos de poder por parte de governos. Para outros, é considerado um rebelde perigoso, que colocou em perigo a segurança dos Estados Unidos ao divulgar informações confidenciais.