O servidor José Olímpio Augusto Morelli, exonerado do cargo de chefia que ocupava no Ibama, acredita haver conexão entre a saída da função e o fato de ter multado o presidente Jair Bolsonaro (PSL) em 2012. O chefe do Executivo recebeu a infração por pesca irregular na Estação Ecológica de Tamoios, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
O Diário Oficial da União dessa quinta-feira (28/3) publicou a destituição de José Olímpio. Ele ocupava a chefia do Centro de Operações Aéreas desde 2018. Esse departamento do órgão de proteção ambiental tem uma frota de seis helicópteros, usados, entre outras funções, para a fiscalização do desmatamento na Amazônia. Recentemente, as aeronaves estavam direcionadas para combater incêndios florestais em Roraima.
José Olímpio foi o único servidor com cargo de chefia a ser exonerado. “Fui punido por ter feito minha obrigação”, afirmou em entrevista à Piauí. Ele é engenheiro agrônomo especializado em direito ambiental.
Para o servidor, houve motivação política na decisão de dispensá-lo do posto. “Vejo tempos sombrios no Ibama”, salientou. O nome que vai substituir José Olímpio ainda não foi anunciado. Ele continua no órgão, mas sem função definida até agora.
Em 2012, o servidor do Ibama multou Bolsonaro em R$ 10 mil. Ele também tirou as fotos em que o presidente da República aparece de trajes de banho e camiseta em um bote inflável, ao lado de equipamentos de pesca e um recipiente com peixes. A multa, no entanto, nunca foi paga e, em janeiro deste ano, a superintendência do Ibama no estado suspendeu a infração.
A medida baseou-se em parecer da Advocacia-Geral da União de 2018 – o órgão alegou o fato de Bolsonaro não ter conseguido amplo direito de defesa. O Ibama também já foi informado, no início deste mês, que a multa aplicada ao titular do Palácio do Planalto estaria prescrita há mais de um ano.