Capaz de reduzir o risco de recidiva (retorno) do tumor em mais de 70% em determinados casos, quando utilizada após a cirurgia curativa, a hormonioterapia é um dos tratamentos contra o câncer oferecidos aos pacientes pela Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCEcon), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM). Mais de 1.500 pessoas realizam a hormonioterapia para diferentes tipos de câncer na unidade hospitalar.
A engenheira mecânica Keila de Oliveira Melo, de 56 anos, é uma das pacientes que fazem uso da hormonioterapia. Ela conta que chegou à Fundação Cecon por meio de exames de rotina, que diagnosticaram um nódulo no seio esquerdo. “Passei pela consulta com o mastologista, realizei a cirurgia para a retirada parcial da mama, além da quimioterapia e radioterapia. Perdi o cabelo, passei por todo esse processo doloroso”, comenta.
Melo conta que há três anos realiza tratamento na FCecon para bloquear os hormônios, que podem contribuir com a recidiva do tumor. “Sempre fui muito bem tratada e respeitada aqui. A partir do momento em que saio da minha casa, eu digo hoje vou ter consulta, por isso terei que aguardar o meu momento para ser atendida. Tenho essa consciência, porque quando você está em tratamento tem que ter paciência”, pontua.
Hormonioterapia – De acordo com a gerente do serviço de Oncologia Clínica, Poliana Signorini, para crescer e se desenvolver, diversos tipos de câncer dependem dos hormônios produzidos pelo organismo. Muitas vezes os hormônios agem como fatores de crescimento, explica a médica oncologista, porque a ligação com os receptores dá origem a um sinal que vai ativar os genes responsáveis pela multiplicação celular.
“O tratamento de hormonioterapia priva as células malignas dos estímulos hormonais necessários para entrar em divisão e pode bloquear a ligação dos hormônios com seus receptores, diminuindo a velocidade de multiplicação e induzindo a morte celular”, ressalta a médica oncologista.
Tratamento – A hormonioterapia é utilizada em qualquer momento do tratamento: neoadjuvante (antes da cirurgia), adjuvante (após a cirurgia) ou paliativo (doença metastática). Pode-se fazer uso da hormonioterapia de forma isolada ou em associação com medicações com outros mecanismos de ação, como anticorpos, drogas-alvo ou quimioterápico.
A hormonioterapia, conforme a médica oncologista, pode ser indicada para tumores cujas células possuem receptores aos quais os hormônios se ligam para funcionar como fatores de crescimento. Ela explica que sofrem esse tipo de interferência hormonal alguns tumores malignos que se instalam nas mamas, endométrio, ovário, próstata e tireóide.
Vantagens – Geralmente a hormonioterapia é um tratamento de menor toxicidade, pontua a médica oncologista, e os pacientes em uso apresentam uma ótima tolerância. “Muitas vezes a hormonioterapia pode ser feita em domicílio através de remédios orais em comprimido, portanto é um tratamento que traz maior comodidade”, finaliza.