O mais tradicional produto da agricultura familiar ribeirinha do Amazonas e queridinha no paladar dos amazonenses, a farinha de mandioca do tipo “ovinha”, produzida na região de Uarini, e vendida com o nome de “A Ribeirinha”, passa agora a ser comercializada com o selo Origens Brasil, um selo nacional que garante que o cultivo e/ou a fabricação de um produto têm origem florestal e respeita tanto o meio ambiente quanto suas populações tradicionais e seus territórios.
Cultivada por agricultores de 15 comunidades situadas entre os municípios de Uarini e Alvarães, a cerca de 550 quilômetros de Manaus, dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Mamirauá, a farinha também é empacotada pelos próprios comunitários e comercializada com o nome de “A Ribeirinha”, recebendo apoio técnico da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), com recursos do Fundo Amazônia/BNDES, por meio do programas Geração de Renda e Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis.
“O selo Origens mostra a origem e dá a rastreabilidade do produto, garante que esse produto vem da floresta e que ele promove uma relação comercial mais justa, ética, transparente e equilibrada entre quem produz e quem cultiva, e também quem consome”, explicou Edvaldo Oliveira, coordenador da Regional Solimões do Programa Geração de Renda, da FAS. Segundo ele, o selo é o reconhecimento do trabalho feito pelos agricultores. “É importante a farinha receber o selo para valorizar o produto e reconhecer o trabalho dos comunitários”.
O selo Origens Brasil, além de garantir a origem florestal do produto, funciona também como um QR Code que, após ser escaneado numa tela de smartphone, redireciona o consumidor a um endereço eletrônico com informações sobre a origem do produto, as histórias dos povos que o produzem, qual região, entre outros dados, estimulando o respeito à diversidade dos modos de vida tradicional. O selo foi criado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA).
O lançamento do selo Origens Brasil na farinha “ovinha” acontece na data em que “A Ribeirinha” completa um ano no mercado. “É importante o selo estar num produto como ‘A Ribeirinha’ para mostrar quem está por trás da produção, quem são esses produtores, qual é a área protegida, a região de onde a farinha vem. Isso dá transparência aos compradores e consumidores, que por vezes não conhecem essa região da Amazônia”, afirmou de Helga Yamaki, coordenadora do Imaflora.
Farinha secular
Descendente de indígenas e cultivada há séculos por populações tradicionais na Amazônia, a farinha de mandioca do tipo ovinha da região de Uarini alcançou uma especificidade de produção e qualidade que deram fama ao produto. O selo Origens Brasil é mais uma garantia de qualidade para a “farinha de Uarini”.
“Agora a gente consegue mostrar a história do nosso povo ribeirinho agricultor, mostrar o rosto dos produtores, como a farinha é produzida, quantas famílias participam e de onde sai”, disse Raimundo Rodrigues “Xexeo”, agricultor da comunidade São Francisco do Aiucá, da RDS Mamirauá. “Antes a pessoa só comprava e comia, hoje ela vai poder saber a nossa história, de onde vem. (A farinha) vai ficar mais conhecida, as pessoas vão poder comprar de qualquer lugar do mundo e pelo preço que vale, um produto sustentável e sem agrotóxicos”.
‘A Ribeirinha’
Há um ano, por meio dos programas Geração de Renda e Empreendedorismo da FAS, a farinha ovinha produzida por agricultores das comunidades na RDS Mamirauá passou a ser empacotada na comunidade Campo Novo e comercializada com o nome “A Ribeirinha”. Ela é vendida no mercado local, no Amazonas, e, mais recentemente, também passou a ser vendida a nível nacional por meio da loja virtual “Jirau”, uma parceria da FAS com as americanas.com. Acesse o link a seguir para comprar on-line a farinha “A Ribeirinha”: https://bit.ly/2ZMqN6q
E antes de ajudar a levar a “farinha de Uarini” ao mercado nacional, a equipe técnica da FAS desenvolveu ações de qualificação, treinamento e negócios com os produtores por meio do programa de Empreendedorismo. “O selo vai contribuir no reconhecimento do território, da origem, da história, do local e dos povos que trabalham de forma justa e sustentável pela manutenção da floresta. Ao colocar ‘no mapa’ a farinha ‘A Ribeirinha’ por meio do selo Origens Brasil, o empreendimento comunitário poderá ser valorizado como um produto de valor comercial mais justo num mercado que é cada vez mais exigente”, ressaltou Wildney Mourão, coordenador de Empreendedorismo da FAS.