A segunda fase da Operação Nepsis deflagrada hoje pela Polícia Federal em Dourados, a 230 quilômetros de Campo Grande, cumpre um mandado de prisão preventiva e três de busca e apreensão. Um homem preso se passava por agente da Polícia Federal e cobrava propina de organização criminosa que contrabandeava cigarros, chegando a receber R$ 1 milhão.
A ação ocorreu para obter provas e prender um homem que se passava por policial federal para obter propinas de uma organização criminosa que foi desmantelada na primeira fase da operação, em 22 de setembro de 2018.
A organização criminosa investigada formou um verdadeiro consórcio de grandes contrabandistas, com a criação de uma sofisticada rede de escoamento de cigarros contrabandeados do Paraguai pela fronteira do Mato Grosso do Sul. Os crimes ocorriam por meio de um sistema logístico de características empresariais e, ainda por meio de corrupção de policiais.
Por conta do cenário de corrupção policial o preso identificou a oportunidade de se passar por agente de Polícia Federal e vender informações aos chefes da “máfia dos cigarros” sobre possíveis operações policiais, recebendo valores em nome de uma equipe inexistente de policiais federais fictícios, bem como em nome de membros do Poder Judiciário.
Há registros de solicitação de pagamentos no valor de R$ 1 milhão para prejudicar o andamento de uma suposta Operação Policial. Além disso, o falso policial atuava auxiliando no escoamento logístico dos cigarros contrabandeados, prestando serviços de contravigilância, ou seja, favorecendo o monitoramento pela organização criminosa da fiscalização policial nas rodovias. O preso foi indiciado pelos crimes de organização criminosa (art. 2º da lei n. 12.850/2013) e tráfico de influência (art. 332 do Código Penal).
A operação foi batizada de “Nepsis”, que segundo a mitologia grega significa vigilância interior e estado mental de atenção plena, em alusão à vigilância necessária para se combater as sofisticadas atividades criminosas ligadas ao contrabando e à vigilância em relação à própria atividade de fiscalização estatal para conter a corrupção de servidores públicos.