Antonis Mavropoulos chegou ao portão de embarque do voo ET302 neste domingo, que partiria de Adis-Abeba, capital da Etiópia, para Nairóbi, no Quênia, e o encontrou fechado. Por dois minutos, ele não entrou na aeronave que despencou 6 minutos depois da decolagem, matando todos os 157 passageiros.
“Eu estava furioso porque ninguém tinha me ajudado a chegar ao portão a tempo”, afirmou o grego, ao recapitular o que considera ter sido seu “dia de sorte”.
Um outro homem também alega ter perdido por pouco o voo operado pela Ethiopian Airlines.
As vítimas são de mais de 30 países — entre elas, há 32 quenianos, 18 canadenses e 7 britânicos.
Antonis Mavropoulos: ‘meu dia de sorte’
Mavropoulos, que é presidente da Associação Internacional de Manejo de Resíduos Sólidos, disse ter ficado irritado, inicialmente, por achar que estava desassistido no aeroporto.
“Eu tinha uma conexão de 30 minutos e meu voo tinha chegado no horário. O funcionário da companhia encarregado de me direcionar para o portão de embarque chegou pouco depois que desembarquei”, ele relata.
“Ele estava tentando me encontrar. Gostaria de agradecer esse funcionário, ele salvou a minha vida. Como minha bagagem estava comigo, o avião não precisava esperar por mim. Eu ainda vi os últimos passageiros no corredor [a caminho da aeronave]”, disse à BBC.
Em um post no Facebook intitulado “Meu dia de sorte”, ele contou ter sido realocado no voo seguinte com destino a Nairóbi e só ter descoberto sobre a tragédia quando foi impedido de embarcar novamente.
O grego foi levado a uma delegacia para depor depois de ter sido informado que era o único na lista de passageiros que não estava a bordo.
Com uma foto do cartão de embarque, Mavropoulos escreveu: “Um agente me disse para não reclamar, mas para agradecer a Deus.”
A polícia verificou sua identidade e o questionou sobre as razões para não ter embarcado no voo. Ele soube por uma mensagem enviada por um amigo que a aeronave havia caído.
Ele viajaria a Nairóbi para participar de um encontro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Pelo menos 19 das vítimas tinham algum tipo de ligação com a ONU — e Mavropoulos conhecia algumas delas.
“Perdi amigos naquele voo. Todo mundo na conferência está arrasado. É um momento muito triste para todos nós. Pode acontecer com qualquer um. Foi algo aleatório.”
“Estou grato por viver e por ter tantos amigos que me fizeram sentir amado.”
Ahmed Khalid: voo atrasado
O voo ET302, que caiu às 08:44 de domingo, no horário local, era conexão de Ahmed Khalid, que mora em Dubai. Ele não conseguiu embarcar porque houve atraso na primeira etapa de seu trajeto e foi acomodado em outra aeronave.
“Todo mundo estava perguntando aos funcionários o que havia acontecido, mas ninguém falava nada”, disse ao jornal The National, publicado em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
“Eles ficavam indo de um lado para outro, até que um dos passageiros viu pelo celular que o voo tinha caído, seis minutos depois da decolagem.”
O pai de Khalid, que esperava por ele em Nairóbi, presumiu que ele estivesse no voo quando soube das notícias.
“Eu estava em choque, mas meu filho entrou em contato comigo pouco tempo depois e me disse que estava em Adis-Abeba, que não tinha embarcado.”