O ex-governador Sérgio Cabral disse em depoimento nesta terça-feira que o seu “erro de postura” durante o período em que comandou o Estado do Rio foi se apegar ao poder e ao dinheiro. Em audiência na 7ª Vara Federal Criminal, do juiz Marcelo Bretas, Cabral afirma que as propinas se tornaram um “vício”.
— Esse foi meu erro de postura, apego a poder, dinheiro… é um vício — afirmou, sobre o acerto da propina.
Nesta audiência, Cabral disse que resolveu “falar a verdade” por conta de sua família, do momento histórico e para ficar bem com ele mesmo.
O ex-governador admitiu que eram seus os US$ 100 milhões que estavam em contas no exterior, e que foram entregues pelos doleiros delatores Marcelo e Renato Chebar. Os irmãos eram quem administravam parte da propina do ex-governador. Eles fizeram delação e devolveram o dinheiro à Justiça.
— O dinheiro dos irmãos Chebar era meu dinheiro, sim — disse ele em depoimento.
Cabral contou que recebeu propina durante sua gestão no governo do estado, assim como seus ex-secretários Régis Fichtner (Casa Civil) e Sérgio Côrtes (Saúde).
A primeira vez que Cabral admitiu o recebimento de propina foi em depoimento ao MPF no último dia 21 de fevereiro. Em trechos divulgados pela TV Globo, o ex-governador admitiu cobrança de propina em obras como a Linha 4 do metrô e a reforma do Maracanã, além de citar o empresário Eike Batista e o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes, ao falar de repasses irregulares para campanhas eleitorais.
O ex-governador também confirmou que houve “várias vezes” entrega de dinheiro de propina dentro do Palácio Guanabara, ao então vice-governador Luiz Fernando Pezão e a Fichtner, que está preso desde o dia 15 de fevereiro.
Com a mudança de estratégia, Cabral busca a redução de pena. Preso desde novembro de 2016, o ex-governador responde a 28 processos e já foi condenado a mais de 200 anos de prisão.